16 Agosto 2009
....
Se a manhã me proporcionou uma visão genérica da pintura que se fez em Portugal no século XX, através da visita à exposição cuidada, sem ser grandiosa, que apresenta o Museu do Chiado, a tarde proporcionou-me o espectáculo revivalista da Quinta da Regaleira. O cenógrafo Manini conseguiu aqui o seu melhor espectáculo transformando o tardo-manuelino num tardo-barroco.
Sendo um espaço que se pretende maçónico, a Regaleira obriga-me a uma reflexão sobre a essência da Maçonaria: afinal, a Maçonaria, mais do que uma elite intelectual e moral é uma elite económica. Seguramente nela não cabem já os pedreiros ou carvoeiros operativos porque, para estar nela, é preciso ter-se dinheiro.
E ter dinheiro não é sinónimo de ser elite intelectual e moral, como o pretende, pelo menos aqui, a Maçonaria. Talvez seja mesmo o seu contrário, como ficou recentemente demonstrado.
A Regaleira, obra-regalo de um capitalista, serve também para perpetuar esta confusão, para além de ser um espectáculo muito agradável à vista.