Os homens são animais de esperança, que constantemente tomam os seus desejos por
realidades, e tanto os tomam que, algumas vezes, conseguem transformar os desejos em
realidades. É assim em cada ano. Todos temos esperança que cada ano seja melhor que o
anterior, que a felicidade que não alcançámos venha agora, neste ano nascido.
Talvez por isso o homem continue a ser o animal mais bem sucedido, porque, sem esperança, o homem caminharia inevitavelmente para o tédio, e do tédio para a destruição.
Tenho para mim que o principal criador do nazismo foi o tédio.
Foi a esperança a principal razão do triunfo do Cristianismo. Num mundo cheio de sofrimento e violência, o cristianismo começou por pregar a paz e o amor, e, sobretudo, a esperança numa vida eterna plena de felicidade.
Que atracção tão grande para esses tempos assolados pela fome, pela peste e pela guerra!
E essa atracção era tanto maior quanto pregadores, como o incrível Tertuliano, ameaçavam quem não fosse cristão com todos os sofrimentos mais horríveis que o homem poderia imaginar infligidos por Satanás para toda a eternidade. E os homens de então abraçaram essa nova esperança. Aí onde os antigos deuses falharam, talvez o novo deus fosse bem sucedido.
Mas aquilo que prometia Tertuliano para o outro mundo em medida divina, sem dúvida que o homem o alcançará neste mundo em medida humana. Trata-se apenas de uma questão de tempo. Sem dúvida que os homens futuros usarão cada vez mais as zonas privilegiadas do pensamento, em desfavor do cérebro reptiliano que comanda os instintos básicos, incluindo a violência.
Hoje, já ninguém aceita as palavras que João Evangelista colocou na boca de Jesus, quando este se encontrava em casa de Marta e de Maria: pobres sempre os haverá. A pobreza é apenas tolerada como uma situação transitória, e não aceite como uma inevitabilidade da condição humana.
A esperança de hoje está em ultrapassar a pobreza, em minorar o sofrimento da doença, da violência e da morte.
Como fazê-lo?
Convido todos os que lêem o odisseus a reflectir nisso, neste ano que nasce de novo.
De
piano a 1 de Janeiro de 2010 às 20:55
e reflectir assim nesta plenitude "ideária" é obrigação.
serve o mundo servimos nós?
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brilhante recomeço este.
exortação profética.
beijOS.
e um excelente Ano.
De
ACCB a 2 de Janeiro de 2010 às 15:50
Reflectir é fácil!!
De
ACCB a 2 de Janeiro de 2010 às 15:52
Está no facebook. Tem?
De maré a 4 de Janeiro de 2010 às 21:33
sempre me convenci que a fé ( ) serve como medida de alicerce para um ideário de esperãnça. mas o facto é que assim sempre aconteceu e cada vez mais estamos arredados do humanismo... do cerne que pautou tantas das lutas para que o ser humano fosse mais feliz.
_______ um beijo Henrique, e sim, um ano iluminado
pensar ,tenho pensado ao longo de toda a minha vida e cheguei à triste conclusão que é preciso apagar a espécie humana e criar um ser novo - não é um lugar comum - esvaziado de tudo e ,sobretudo ,longe de princípios deformados e/ou deformantes
excelente o teu TEXTO
.
um beijo
penso que a questão do nazismo e do cristianismo não são/foram assim tão lineares.
muitas das actuais guerras mostram que a humanidade nada aprendeu coma História.
mas, sim, devemos sempre ter esperança. a humanidade não são todos os homens. muitos continuam a lutar e contribuir para erradicar ou minorar a pobreza, a fome, a doença, as desigualdades e injustiças sociais, o desrespeito pelos direitos humanos, o crime, a guerra, a destruição do planeta e consequentemente nossa,... mas há que convir que são esforços titânicos e limitados por diversos interesses de poder, força e riqueza. mas uma vida humana salva que seja, é uma vida humana!
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