O programa apresentado por Sócrates e hoje aprovado na AR, só com os votos do PS, não é um Programa de Estabilidade e Crescimento como foi rotulado, mas um verdadeiro PROGRAMA DE ESTABILIZAÇÃO DA CRISE.
E esta crise não é algo inevitável para o país, ao contrário do que anda a ser dito. É antes um meio de os senhores do dinheiro e do poder aumentarem o seu dinheiro e o seu poder.
Senão vejamos:
1º Com a crise os bancos ganham mais. Aumentam os seus juros e diminuem os riscos do crédito.
2º Essas máquinas de fazer dinheiro que são as grandes empresas de distribuição, os CONTINENTE e PINGO DOCE, também ganham mais.
Como:
a) Esmagando os preços aos fornecedores que, porque existe crise, só para sobreviverem deixam que lhes tirem a pele.
b) Sacando dos fornecedores dinheiro para abrirem novos CONTINENETE/ MODELO e PINGO DOCE, debitando-lhes uma percentagem da facturação anual, percentagem essa destinada, nomeadamente, a abertura de novas lojas.
c) Aumentando as vendas pela prática de dumping em alguns produtos, já que alguns preços abaixo do custo são compensados pela compra de outros produtos, e os compradores, com necessidade de poupança, aproveitam preços baixos em alguns produtos para se deslocarem do pequeno é médio comércio para o grande comércio, aumentando o volume de vendas deste.
3º Compram ao preço de uva mijona as empresas que são máquinas de fazer dinheiro para o Estado, e cujos dividendos dão ao Estado quase tanto como os juros da dívida pública- a REN, a ANA, a GALP, a PT e as grandes seguradoras IMPÉRIO/BONANÇA e FIDELIDADE MUNDIAL. Escusado será dizer quem paga a crise e quem a sofre.
Não poderia o governo minorar em muito a "crise"?
É óbvio que sim, e com medidas muito simples e fáceis:
a) Venda de um terço dos 10 mil milhões de Euros das nossas reservas ouro ( podem não se acreditar mas temos esse valor), mesmo que esa venda seja escalonada no tempo, até 2013.
b) Aplicação de uma taxa de 0,25% a todas as operações de bolsa ( ninguém de boa fé aceita que a venda de um imóvel pague 6% de imposto de selo, e as vendas em bolsa nada pagam)
c) Combatendo a fraude e o planeamento fiscal ilícito que praticam os bancos e as grandes superfícies em particular, com pleno conhecimento da administração fiscal.
O valor de 6.000 milhões de euros que o Estado receberá através das privatizações anunciadas seria mesmo ultrapassado pelas receitas obtidas por estas medidas.
E o Estado ontinuaria a receber os dividendos das máquinas de fazer dinheiro que ainda lhe pertencem.
As medidas propostas pelo governo não resolverão a crise, mas estabilizá-la-ão apenas em benefício dos mesmos de sempre.
Sócrates e o seu governo bem sabem disto. Mas estão ali para cumprirem o seu dever: serem o suporte dos poderosos.
Noutro textos irei falar das razões profundas da crise e das medidas sérias para a resolver que os partidos do poder (PS,PSD e CDS) não pretendem levar a cabo.