blog filosófico, cultural e político
Domingo, 27 de Março de 2005
...
Quem poluíu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou ( que furor cruel e simiesco!)
A mesa de eu cear, - tábua tosca de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entprnou o vinho?
-Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!...Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.
Alma da minha mãe...Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.

CAMILO PESSANHA-Clepsidra.


publicado por henrique doria às 11:26
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...
A EXPLICAÇÃO ÓRFICA DA TERRA...É O ÚNICO DEVER DO POETA- Mallarmé


publicado por henrique doria às 11:11
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Domingo, 20 de Março de 2005
EDUARDO LUÍS
eduardo_luiz4g.jpg


publicado por henrique doria às 23:00
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Sexta-feira, 18 de Março de 2005
DESPEDE-TE DA CASA
Despede-te da casa
Para ires ao encontro do bosque do mundo
Despede-te do espelho
Para ires ao teu encontro
Despede-te de ti
Para ires ao encontro do branco-nada.
Antes de partires tapa com lenços negros
Os orifícios do teu corpo
Tapa-os com lenços vermelhos

E envolve-te em argila marinha

Se queres que o teu caminho
Seja um poema mais tarde.

HENRIQUE DÓRIA-Mar de Bronze


publicado por henrique doria às 21:09
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CONVITE
Convido todos os visitantes do ODISSEUS a estarem presentes na apresentação do meu livro O MENINO E O SOL, sábado, dia 26 de Março, pelas 11,30 horas, na FNAC do NORTSHOPPING, ou dia 2 de Abril, também sábado, pelas 17 horas, na FNAC de SANTA CATARINA. É uma boa oportunidade para nos conhecermos pessoalmente.


publicado por henrique doria às 20:56
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Domingo, 13 de Março de 2005
O NOSSO EU
Temos tendência para pensar no nosso eu como a única criação totalmente singular que existe na natureza, embora isto não seja assim. A singularidade é a característica de tal modo comum nos seres vivos que acaba por não ter nada de singular...Até as bactérias isoladas, movendo-se livremente, podem ser consideradas entidades singulares, que se distiguem das outras mesmo quando tiveram origem no mesmo clono....Quando procuram alimento, alguns precipitam-se numa direcção durante um número exacto de segundos antes de desistirem, enquanto outros se deslocam de maneira diferente, por períodos diversos, embora igualmente característicos...
Os feijões têm etiquetas próprias que os caracterizam tão distintamente como um rato é caracterizado pelo seu cheiro...
Os pólipos dos corais são biologicamente conscientes do seu eu...
Os peixes podem identificar-se mutuamente pelo seu cheiro. O mesmo acontece com os ratos...
As únicas unidades vivas que parecem não ter qualquer sentido da privacidade são as células nucleadas que foram separadas do organismo que lhes deu origem...Se lhes for dada a oportunidade...duas células de origens completamente diferentes, por exemplo uma célula de levedura e um eritrócito de galinha, tocam-se, fundem-se e os dois núcleos fundem-se igualmente; então a nova célula híbrida reproduz-se, dando origem a um descendência monstruosa....
Os traços característicos do eu... são...considerados como mecanismos destinados a manter a individualidade como um fim em si mesmo, permitindo que qualquer tipo de ser se defenda e proteja contra tudo o que lhe é alheio.
Porém...(as) anénomas que vivem nas carapaças dos caraguejos são extremamente meticulosas, o mesmo acontecendo com os próprios caranguejos.Uma única espécie de anénoma procura uma única espécie de caranguejo...
Por vezes, há tal fusão de identidades que dois seres ...se associam de modo a produzirem um organismo único. A melhor história que ouvi a este respeito foi a do nudibrânquio e da medusa que vivem na baía de Nápoles. Quando foi observado,...o nudibrânquio, um vulgar caracol do mar, tinha um pequeno parasita residual, sob a forma de alforreca, permanentemente fixo na sua superfície ventral, perto da boca...O parasita, embora tão aparentemente especializado que desistira de viver por si próprio, ainda conseguia produzir descendência, que se encontra em abundância em certas estações do ano... Entretanto, o caracol produz larvas e estas começam também a crescer normalmente, embora não durante muito tempo. Quando são ainda muito pequenas, ficam aprisionadas pelos tentáculos da medusa, sendo em seguida absorvidas pelo seu corpo....à primeira vista, poder-se -ia pensar que as medusas são agora os predadores...e os caracóis as presas. Mas não é assim. A breve trecho, os caracóis que não foram assimilados pela medusa...começam a comer ( a alforreca)...de tal modo que a alforreca se vai reduzindo em tamanho, enquanto as dimensões do caracol aumentam proporcionalmente. Finalmente, tudo volta ao princípio, com um nudibrânquio completamente desenvolvido...nada restando da alforreca... a não ser o parasita redondo...perto da boca do molusco.
...
Pensar nestes seres provoca-me uma sensação estranha. No fundo, eles não me fazem lembrar nada. É isso, são bizarros, singulares. E, ao mesmo tempo, como um sonho de que nos recordamos vagamente, fazem-me lembrar o mundo inteiro...

LEWIS THOMAS-A Medusa e o Caracol


publicado por henrique doria às 14:16
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A POSSE DO GOVERNO
A posse do Governo de Sócrates foi um bom exemplo de como o país deve funcionar. A cerimónia deixou de ser uma exaltação ao Estado Espectáculo. Para além das palavras de ocasião que todos os primeiros-ministros dizem, como "rigor", "transparência", "verdade", outras houve que marcaram a diferença:
1º Este governo não vai utilizar os anteriores como bodes expiatórios.
2º Começou por defender os consumidores, sem titubear, afirmando ir acabar com o monopólio da venda de medicamentos livres de prescrição médica nas farmácias, afrontando assim uma das mais poderosas corporações do país.
Não é muito, porque corporações que precisam de ser postas ao serviço do país e não ao exclusivo serviço dos interesses dos seus associados, a começar pela banca e a acabar nas corporações da magistratura judicial e dos advogados, há muitas, há demais.
Mas é um bom sinal.


publicado por henrique doria às 13:22
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Domingo, 6 de Março de 2005
MENEZ
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publicado por henrique doria às 23:15
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DO TUDO NASCEMOS
Do tudo nascemos
O tudo nos consome.

O fogo o ar a água a terra
Por fim outra vez a terra

E o próprio nome.

HENRIQUE DÓRIA- Mar de Bronze


publicado por henrique doria às 23:01
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Sábado, 5 de Março de 2005
NOVA ESPERANÇA
Sócrates conseguiu, com a discreção necessária, formar um governo que tem todas as condições para fazer renascer a esperança dos portugueses. Luís Campos Cunha, Freitas do Amaral, Manuel Pinho e outros, alguns já com provas dadas, nomeadamenmte Mariano Gago e Augusto Santos Silva, são a garantia de que, após três anos de mentira e incompetência, o país vai ser governado com saber e dignidade.
Não tem este governo uma tarefa fácil. O país precisa de mudanças que têm de começar pelas mentalidades para poderem ser eficazes nas estruturas. Há pastas em que isso é muito sensível, sendo uma delas a da Justiça. O país tem-se esquecido que uma Justiça eficaz permitiria um acréscimo do PIB de entre 8 a 10%. As últimas alterações no sistema de justiça, em particular no processo civil, serviram apenas para a burocratizar, atrazar e encarecer ainda mais.
A projectada privatização do notariado é uma pedida prejudicial e perigosa para o país, que beneficia apenas os grandes grupos económicos. Esperamos que Alberto Costa tenha a coragem de impedir a privatização total do notariado, e, sem prejudicar espectativas legítimas, ponha em funcionamento um regime misto, de concorrência entre o notariado público e o privado. O país, os cidadãos beneficiariam. Algo de semelhamte poderia fazer na acção executiva, dando aos cidadãos o direito de escolherem entre a execução por funcionários judiciais ou pelo solicitador de execução. Finalmente, na acção cível declarativa, seria essencial que a intervenção dos juízes ocorresse só no momento de sanear o processo e do julgamento, devendo os articulados correr nos escritórios dos advogados. Mas, para isto, uma mudança de mentalidades nos operadores da justiça é indispensável, sabendo-se, no entanto, que indo a lei à frente, os operadores da justiça e a sociedade acabam por se adaptar a ela, como ocorreu na reforma do Direito de Família em 1977. Assim haja a lucidez e a coragem para alterar a lei.


publicado por henrique doria às 15:08
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