PORTINARI
Nasce e volta a nascer do
Ovo inicial
Nasce como se um trovão
Te falasse
Nas horas enrugadas pelas lágrimas e depois do fogo.
Despe as tuas insígnias
E dá-te
Com a nudez da árvore
Que vem
Do tempo mais antigo.
Mesmo com uma ferida escarlate
No rosto do sol
Faz do nascimento um meio
De vida e nasce nasce sempre
Até à morte.
A POLÍTICA MONÁRQUICA, vista por RAFAEL BORDALO PINHEIRO
Todos os anos os portugueses têm de suportar neste dia da Restauração as ridículas tiradas do ridículo pretendente à coroa de Portugal, Duarte Nuno de Bragança. Desta vez o senhor culpou a República pelas dificulades que atravessa o país, incluindo os casos de corrupção que se vão descobrindo.
O senhor ignora, certamente, que se houve período em que a corrupção grassou neste país esse período foi, sem dúvida, o final da monarquia.
Então, como agora, havia bancos a falir devido a fraudes e o tráfico de influências era o dia a dia do país. Com uma diferença: se agora os causadores da falência que tanto dano tem causado ao país, a falência do BPN, são a espinha dorsal de um partido, o PSD, e os mais chegados colaboradores do Presidente da República, (alguns deles, aliás, dizendo-se monárquicos) no final da monarquia os causadores das falências de bancos que levaram à implantação da República foram os próprios primeiros ministros do rei D. Carlos, a saber, José Luciano e Castro e Hintze Ribeiro.
E agora os corruptos ainda são julgados ( pelo menos os que são apanhados) e, na monarquia, os Hintze e os José Luciano estavam acima da lei e nunca forma julgados pelas fraudes e pela corrupção que protagonizaram e tanto dano causaram a Portugal.
Mas há algo em que estou de acordo com ele: a República está fragilizada, tão fragilizada que os republicanos deixam passar em branco as agressões desse senhor, como se fosse a República a responsável pela corrupção, e não os corruptos que não são republicanos nem monárquicos, ou são ambas as coisas, conforme lhes convém.