Caro Rui
Acho notável a tua persistência em acreditar que o PS alguma vez assumirá um programa de esquerda! O PS é, claramente, um partido de centro direita, e a grande maioria dos militantes é aí que o quer. Grande parte dos que votam nele, votam num mal menor. Assim como grande parte dos que votam no Bloco e no PC.
Na verdade,o nosso espectro político é esquizofrénico: tem dois partidos do centro direita,o PS e o PSD, que aparentemente se guerreiam mas têm políticas muito semelhantes. Deveriam unir-se.
À esquerda, não há partidos, mas duas seitas religiosas que são o Bloco e o PC, que continuam a acreditar na missão salvífica da classe operária.
É importante que todos os homens livres de de bons princípios se unam e construam o partido de esquerda que não existe.
Chamar-lhe-ia PARTIDO DA JUSTIÇA, em homenagem a Rawls.
Por mim já deixei de gastar cera com o fraco "defunto" que é o PS. Gostaria de ver a Margem Esquerda a desamarrar da margem direita.
Um abraço.
Interrompo o meu afastamento do odisseus para prestar esta breve homenagem ao homem livre e bom que foi Saldanha Sanches.
Num tempo em que quase todos são escravos dos seus interesses, Saldanha Sanches toda a sua vida optou pela coragem de ser livre. E sempre levou a liberdade até às últimas consequências: até mesmo depois de levar um tiro de um agente da PIDE procurou defender a sua liberdade de punhos fechados.
Como outros, não optou pela ganhuça. Nunca traíu a sua consciência.
Como poucos, nunca transigiu com os corruptos e os videirinhos. Como fiscalista bem sabia a dimensão dessa tragédia nacional que é a corrupção e quanto mal ela faz ao país.
Mas também nunca exibiu o dicurso fácil da desgraça para se impôr ao público, para ser conhecido e estar na ribalta.
Lutou pela Justiça, como homem bom e justo que era. O seu caminho era o bem. O seu caminhar, a justiça.
Chegou ao fim do seu caminho. Mas o seu exemplo será também o nosso caminho e o nosso caminhar.