Prestigiados analistas financeiros, nomeadamente de Ambrose Pritchard, dizem que “Pedro Passos Coelho é louvado por respeitar os compromissos de austeridade assumidos com a UE-Fmi, mas esta política apenas está a empurrar o país para uma depressão económica grave”.
Os principais acionistas dos “nossos” bancos bem sabem disto, e é por isso que exigem que o Estado os recapitalize, pois eles mesmos acreditam tanto no sucesso da política de Coelho e Portas (ele não se vê, mas está lá) que não querem meter nos SEUS bancos um só chavo dos milhões que têm em paraísos fiscais. E, assim como os detentores do Rendimento Mínimo Garantido exigem que o Estado os não deixe cair na valeta, invocando o princípio da igualdade consignado no artº 13º da Constituição os nossos banqueiros exigem do Estado que não os deixe cair na valeta. Foi, aliás, o que já fez ao Millennium e ao BPN.
Eles não conhecem, mas sabem aplicar a frase de Bertold Brecht: “ assaltar um banco nada é comparado com fundar um banco"
Por isso querem estar tão sós no seu negócio, ou melhor, bem acompanhados no seu negócio: com um Estado que lá mete o dinheiro de todos nós, mas que não meta lá o bico e saiba para onde vai esse dinheiro. Defendem-se eles: ninguém ignora que o Estado é mau gestor. E é certo que banqueiros são um exemplo de boa gestão, como ensinou, na sua notável obra, João Rendeiro. Por isso é que são ricos, e fundaram bancos, em vez de os assaltarem. Mas daí a acreditar, com Coelho e Portas, que são nossos amigos, e darão ao nosso dinheiro um destino diferente do que deram o BCP, o BPN e o BPP, perdoem-me a maldade, isso não.
Este é o caminho. Mas o seu percurso fica para nós aberto à descoberta do segredo.
Temos apenas marcas. Lojas? Sabemos da ligação de Bruno à Maçonaria. Sabemos que esta se funda no segredo e no simbolismo. Assim, os nomes “revelados” na obra são os elos da cadeia de união formada pelos “Cavaleiros do Amor”. O primeiro deles, o grande Dante Alighieri, um dos membros da ordem dos “Fedeli d’ Amore”, a associação “Fede Santa”, de que Dante foi um dos dirigentes. Depois, Bruno revela ser “Cavaleiro do Amor “ o grande Camões e, ainda, Fernão Álvares do Oriente, Manuel Faria de Sousa, e muitos outros, entre eles o nosso rei Dinis que recusou perseguir os templários, e transformou a Ordem, dando-lhe apenas o nome de Ordem de Cristo.
A "Fede Santa" era, sem dúvida uma ordem iniciática que escondia sob o véu de movimento de cultores das belas letras e artes - sob versos estranhos e simbólicos - o seu caráter iniciático. O segredo da Ordem justificava-se quer porque a Verdade é esotérica, quer porque os "Fedeli" tinham de se esconder para fugirem às perseguições da Roma católica que já aniquilara os gnósticos albigenses e, depois, os heterodoxos Templários.
Para Bruno eles “ São os fiéis, não do amor, mas do contrário de Roma. Os fiéis-do-Amor são os infiéis-de-Roma. Os que são pelo Amor são contra Roma"
Eis-nos chegados ao centro do pensamento de Sampaio Bruno.
Ao contrário do que alguns prosélitos da igreja de Roma, nunca Sampaio Bruno acreditou no Deus do credo católico, nesse "...Deus pai, Senhor todo poderoso, criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis...."
Mas não acreditava também no Deus de uma qualquer outra religião. E, no entanto, Sampaio Bruno era um homem profundamente religioso.
Qual era a sua religião? O Homem.
Para Sampaio Bruno todo o homem era um templo, e o altar desse templo, o coração, o lugar do Amor. O Amor, fonte de verdade, de bem e de vida, elo da cadeia de união entre os homens, no dizer de Dante Alighieri, o Fiel do Amor, sempre presente no pensamento de Sampaio Bruno, que citava o belo poema de Boécio, em A Consolação da Filosofia:
Feliz a raça dos homens
se as almas deles, pelo amor
que rege os céus, forem regidas.
Dante – A Divina Comédia
E, também no dizer de outro Fiel do Amor, Luís Vaz de Camões:
Ó vós, q´Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades, quando lerdes
N´um breve livro, casos tão diversos,
Verdades puras, e não defeitos;
Entendei que, segundo Amor tiverdes,
Tereis o entendimento dos meus verso.
Camões – Os Lusíadas
Amor, diz-nos Sampaio Bruno, é anti-Roma. Para Bruno, a Igreja de Roma era o contrário do Amor. Roma era fonte de Mentira, de Mal e de Morte,
como o demonstra a história da Igreja Católica ao longo dos séculos, desde que se aliou ao poder temporal. Estava presente no pensamento de Bruno, como no do albigense DanteAlighieri, os crimes da cruzada contra os albigenses, o cerco da cidade provençal de Béziers onde, num só dia, as tropas do papa Inocêncio III chacinaram todos os habitantes da cidade, em número de cerca de 20.000, um número que, extrapolando a população da França de então para a de hoje, daria um número de cerca de 200.000 mortos, num só dia. Como estava sempre presente no seu pensamento a tenebrosa Inquisição, a que Roma chamava, (cinismo brutal) de Santa, nascida na cruzada contra os Albigenses e universalizada nos anos de 1500, os anos em que viveu Camões.
( artigo publicado no GRANDE PORTO, de 11.11.2011)
Pretendendo ridicularizar o grande poeta PAUL VALÉRY, um seu leitor perguntou-lhe como é que poderia existir o “ vazio doloroso” a que se referia num dos seus poemas. Ao que Valéry retorquiu com outra pergunta: o senhor nunca teve uma dor de cabeça?
Vem isto a propósito da “abstenção violenta” anunciada por António José Seguro depois de quinze dias de meditação sobre o sentido de voto do PS em relação ao Orçamento de Estado para 2012. Seguro, no mesmo momento em que qualificava de violenta a abstenção do PS, foi dizendo que o sentido de voto do PS também poderia ser contra, mas também poderia ser a favor do orçamento do governo PSD/DCS.
Isto é, não ignorando que o orçamento para 2012, acrescido às medidas já tomadas este ano pelo governo de Sócrates e pelo atual governo, representa uma transferência de rendimentos das classes médias e baixas para as classes mais altas, pois é esse o sentido do acordo com a troika ( que, pelo meio, vai sacando cerca de 600 milhões para ela mesma), Seguro admitiu que o seu voto poderia ser a favor do orçamento se a transferência não fosse enorme, como é, mas tão só transferência, mas também poderia ser contra se a transferência fosse colossal, a usar um adjetivo do amigo e colossal Passos Coelho. Ora sendo a enorme transferência de rendimentos das classes média e baixa para a mais alta no valor de cerca de 25% desses rendimentos, ao longo de três anos, Seguro diz-nos que poderia votar a favor do orçamento se essa transferência fosse apenas de 15%, ou, vá lá, de 20%, ou poderia votar contra se essa transferência fosse de 30% ou 35%. Mas como é só de 25%, daí lava as suas mãos.
Voltando então a Paul Valéry, poderemos dizer que esta “abstenção violenta” que Seguro vai adoptar na votação do orçamento para 2012 é de um “vazio doloroso” . Ou, dito por outras palavras, que essa “abstenção violenta” de Seguro e do PS será, para ambos, uma “dor de cabeça”.
1.
A reflexão moral deverá ser, antes de mais, reflexão sobre os meios de atenuar o mal.
2.
Na natureza não há mal nem bem, há o acaso.
3.
O bem e o mal são conceitos apenas humanos.
4.
A vida e a morte são, na natureza, simples acasos.
5.
No bem e no mal conjugam-se o acaso e a necessidade, dependendo esta da vontade nos homens.