Sei que um dia
Não haverá terra nem céu
Mas só me preocupam as tuas mãos
Que sei possuídas
Pelo horror do tempo.
As tuas mãos remos
Em vôo
Duas penas de ave do paraíso
Que tocam as minhas virilhas
Com a leveza da alma
Para que o grisu do meu corpo
Alcance a calma.
HENRIQUE DORIA
Habitam em mim
As praias crispadas
A floresta de ondas
É o meu refúgio
A minha verdade
A minha beleza
As minhas mãos
São marés cansadas
Dando luz
Ao barco
Que tu à noite rondas
Para verter na boca
O mar
Da incerteza.
HENRIQUE DÓRIA