blog filosófico, cultural e político
Sábado, 22 de Junho de 2013
MEU LONGO CAVALO VERDE
Meu longo cavalo verde Tu hás de correr comigo
E os anjos do fim do mundo
Estrela doce sem fundo
Cavalo
da infância alada
Onde ardem contos de fada
Sobre o teu dorso se ergue
A casa do meu abrigo.
Ah meu cavalo vermelho
Tu hás de sofrer comigo
Meu cavalo vagabundo
Um sofrimento rotundo
No doce pó desta estrada
Onde temos tudo e nada
Grão
vivo do evangelho
Minha sombra e meu amigo.
Meu cavalo branco e negro
Tu hás de morrer comigo
Irmão do trovão fecundo
Nesse poço em que me afundo
Iris
fria mão fechada
Semente na terra arada
Crina e vento em que me alegro
No vento é o teu jazigo.
HENRIQUE DÓRIA
Segunda-feira, 3 de Junho de 2013
LAMENTO DE FARINELLI
Os dias consomem-me as pálpebras
E ao fim de tantos sóis
Não sei se há beleza
Na minha loucura
Ou apenas tristeza.
Quando estou só
Lanço um grito maduro
Sobre o meu coração azul
E as ondas seguem esse clamor
Que desafia o mar e a morte
E repetem o grito da ausência
De quem foi castrado
Para ser amado.
HENRIQUE DÓRIA