Contra os que afirmam que a redenção está em Deus, entendo que a redenção está na interrogação.
Interrogar-se é percorrer uma parte do caminho do homem para o Homem.Não é certo que a interrogação nos traga a felicidade. Muito menos uma eternidade que não existe. Pelo contrário, a interrogação traz-nos, frequentemente, a angústia. Mas traz-nos também, e sempre, a alegria de nos sentirmos maiores e dignos da nossa própria humanidade.
Foram-nos dados um espaço e um tempo tão exíguos e, ainda assim, não deixamos de os desperdiçar. Ou porque amamos demais ou não conseguimos amar; ou porque somos prisioneiros e não somos capazes de nos libertar; ou porque somos livres e não conseguimos ser, também, o outro; ou,tão só, porque não consguimos expulsar de nós os nosos próprios fantasmas.
Porque assim é, depois da morte, não seremos mais que estrelas tristes que não lograram queimar o próprio lume.
Encontra na diversidade um refúgio quem nunca alcaçou a glória da unidade.
Mas o que é mais importante: a unidade ou a diversidade?
Não sei, porque nunca tive a graça de alcançar a unidade.