Nada é eterno, nem as estações, nem as pedras, nem as águas, nem as árvores, muito menos nós, humanos, sempre condenados a uma morte precoce. Por isso não nos termos encontrado ainda é apenas uma manifestação da brevidade de tudo, até do nosso encontro que parece ser uma necessidade do mundo desde os séculos dos séculos. Olho para ti e o teu rosto parece ter estado sempre à minha frente e à minha volta, enquanto eu girava em torno de ti porque sempre foste o meu sol poderoso para o qual até a minha luz se inclinava. No entanto nunca te tive até hoje, embora saiba que te pertenço e que pertencer-te é a minha oferenda ao mundo.
É assim que eu sou tu, e que a tua presença em mim é bela e antiga.
Vem vem sem demora
Beber o vinho do meu corpo
Se o não beberes agora
Não mais poderás bebê-lo
A esse vinho mais breve do que a hora
Mais leve do que o selo
Com a efígie do rei morto.
HENRIQUE DÓRIA