Pobre avó que ora
Noite que caminha pela noite fora-
Ora ao Deus azul
ao rei escondido que naufragou ao sul
Ora à lua vaga
Deitada num barco que não mais acaba
Ora à fonte à fronte ao milho
Ao escondido brilho
À luz e ao pão
À água que corre surda em sua mão
Ao forno ao fogo
À rosa a começar de novo
Aos dedos dos espelhos
Dentro da morte que tecem os velhos.
HENRIQUE DÓRIA