Olho para mim e vejo-me, ateu convicto, mais próximo de Rumi, o amante de Deus, do que dos céticos Omar Khayyam e Ferdausi. Rumi, ao contrário do todo poderoso imperador Septimo Severo para quem nada valeu a pena, diria que tudo vale a pena porque para ele tudo é envolvido pelo círculo misterioso do Amor.
Tanto Omar Khayyam como Ferdausi tentaram compreender o mundo e, face ao total absurdo deste mundo, refugiaram-se numa suave angústia embebida em vinho e perfume de rosas.
O supersticioso Septimo Severo quis tudo ser, e tudo foi. Por isso, na sua impotência perante a morte que o envolvia em nada como a qualquer escravo, só pode perceber que nada valia a pena.
Rumi, reconhecendo ser um quase nada no universo que era incapaz de compreender, e não querendo ser mais do que esse quase nada numa existência onde tudo parece absurdo e separado, aprendeu com Shmas que tudo é unido e compreensível pelo Amor.
Se o que conhecemos é uma esfera que, à medida que se alarga, mais pontos de contacto tem com o que ignoramos, a sabedoria e a verdade estão no centro da esfera pois, embora a sua superfície se vá afastando do centro, ela está sempre à mesma distância desse centro.
É este o mistério e a verdade do Amor.