O debate com Francisco Louçã mostrou, mais uma vez, ou a incompetência ou a desonestidade da D.ª Ferreira Leite. Que, infelizmente, Louça não aproveitou como devia.
A questão é a seguinte: quais as três principais propostas da D.ª Ferreira Leite para dinamizar ( coloquei, inicialmente, um t em vez do z) a economia:
1º Baixar as contribuições das empresas para a Segurança Social.
2º Baixar os impostos das empresas.
2º Equilibrar o orçamento.
Quanto à primeira medida, baixar as contribuições das empresas para a Segurança Social, a Sr.ª já disse onde iria buscar o dinheiro para equilibrar o orçamento da Segurança Social: ao Orçamento Geral do Estado.
Significa isto que irá aumentar a despesa geral do Estado, e, consequentemente, aumentar o défice.
Quanto à segunda medida, significa ela que irá diminuir a receita geral do Estado, e, consequentemente, aumentar o défice.
Logo, as duas primeiras medidas da D:ª Ferreira Leite são o contrário da terceira.
Para conseguir conjugar essas três medidas irá alcançar aquilo que os alquimistas e magos de todos os tempos tentaram mas nunca conseguiram: a quadratura do círculo.
Mas como não acredito que ela esteja convencida de que descobriu a quadratura do círculo, é essencial interrogá-la sobre o que ela esconde: então onde irá buscar o dinheiro para equilibrar o orçamento?
A dita Dona já disse onde não era: aos ricos não pois o imposto sobre as grandes fortunas proposto por Louçã é, para ela, um fantasma abominável.
Restam os pobres e a classe média.
Sobre isso nada diz. Mas nós percebemos bem que, à falta da descoberta da quadratura do círculo antes referida, é aos pobres e à classe média que ela irá sacar dinheiro para tapar os rombos que as duas primeiras medidas irão provocar no Orçamento de Estado.
Essa gente do PSD e do CDS que se tem vindo a baquetear à Trimalcião nos BCP, nos BPN, nos BPP, nas EDP e nas GALP, muita da qual veio do MRPP, conhece bem o slogan: os pobres e a classe média que paguem a crise.
Como a Sr.ª não é ignorante, e sabe bem fazer estas contas elementares, a falta de referência ao agravamento dos impostos, sobretudo indirectos, da classe média, não passa de uma desonestidade, de uma falta à verdade dela bem conhecida que diz tudo sobre o carácter da dita senhora que tanto fala de verdade.
A LIBERDADE DE INFORMAÇÃO EM PORTUGAL
Pese embora algumas falhas de Louçã, nomeadamente as derivadas do seu passado trotzquista que lhe faz fugir o pé para o chinelo do endeusamento do Estado, é óbvio, para qualquer observador imparcial, que Louçã venceu claramente o debate.
Mas os comentadores encartados da SIC e da TVI que se pronunciaram logo após o debate e avaliaram a prestação de ambos, deram uma clara vitória a Ferreira Leite, ou, quando muito, um empate.
Muito democraticamente, todos eram de direita.
Assim vai o pluralismo da informação em Portugal.
Também aqui Louçã esteve mal. Deveria ter dito claramente à D.ª Ferreira Leite que o PSD e o CDS quase monopolizam a informação em Portugal, deixando umas nesgas para os outros.
E ela chora lágrimas de crocodilo pela dita censura ao dito noticiário da TVI.
Em primeiro lugar porque a esmagadora maioria dos meios de informação é altamente tendenciosa a favor do PSD, e ela dá-se bem com isso. Quem lhe ouviu uma palavra de censura sobre o saneamento de Marcelo Rebelo de Sousa?
Em segundo lugar porque a TVI não prestava qualquer informação sobre nada. O pasquim da Moura Guedes era um insulto à informação, ao jornalismo e à inteligência, e só o nepotismo do marido permitia que se mantivesse naquele lugar.
O fim daquilo não foi um acto antidemocrático, mas uma questão de higiene pública.