A esquerda europeia, e até muita direita dos países em dificuldades financeiras, reclama a emissão de euro-obrigações europeias para ajudar os países em dificuldades a suportarem o pagamento das suas dívidas e o relaçamento económico desses mesmos países.
Excelente ideia, mas tão ingénua como excelente.
É claro que a Alemanha não está interessada na emissão de euro-obrigações. Tal implicaria uma aumento da moeda em circulação, e, com isso, a desvalorização do euro. Tal traria como consequência uma maior competitividade das economias em dificuldades. Essa maior competitividade iria pôr em causa o excedente comercial alemão, já que os países do sul poderiam voltar a ter indústrias tradicionais competitivas, exportando mais para a Alemanha e diminuindo a sua dependência do grande patrão europeu. Por outro lado, tal poderia implicar outras exigências da China dentro da Organização Mundial do Comércio, no âmbito da qual a Europa ( leia-se, Alemanha) assinou acordos comerciais altamente favoráveis para as duas potências económicas, mas que destruiram, juntamente com o euro sobrevalorizado ( este apenas no interesse da Alemanha), o tecido económico tradicional da europa do sul.
Daí o passo em frente da Sr.ª Merkl, seguido de outro passo atrás, quanto às euro-obrigações.
A Sr.ª Merkl, através do seu ministro da finanças Wolfgang Shauble ( uma personagem que parece saida do Dr. Estranhoamor, de Kubrik) sabe muito bem o que quer, e sabe muito bem manejar.
Só o medíocre Sarkozy ainda não percebeu que isso também levará a cabo a subjugação da França à Alemanha.
Quando um novo governo francês perceber isso, e puser termo ao eixo franco-alemão, que só está a beneficiar a Alemanha, então sim a Sr.ª Merkl terá pela frente uma outra Europa e não um conjunto de semi-colónias, como sucede atualmente.