Prestigiados analistas financeiros, nomeadamente de Ambrose Pritchard, dizem que “Pedro Passos Coelho é louvado por respeitar os compromissos de austeridade assumidos com a UE-Fmi, mas esta política apenas está a empurrar o país para uma depressão económica grave”.
Os principais acionistas dos “nossos” bancos bem sabem disto, e é por isso que exigem que o Estado os recapitalize, pois eles mesmos acreditam tanto no sucesso da política de Coelho e Portas (ele não se vê, mas está lá) que não querem meter nos SEUS bancos um só chavo dos milhões que têm em paraísos fiscais. E, assim como os detentores do Rendimento Mínimo Garantido exigem que o Estado os não deixe cair na valeta, invocando o princípio da igualdade consignado no artº 13º da Constituição os nossos banqueiros exigem do Estado que não os deixe cair na valeta. Foi, aliás, o que já fez ao Millennium e ao BPN.
Eles não conhecem, mas sabem aplicar a frase de Bertold Brecht: “ assaltar um banco nada é comparado com fundar um banco"
Por isso querem estar tão sós no seu negócio, ou melhor, bem acompanhados no seu negócio: com um Estado que lá mete o dinheiro de todos nós, mas que não meta lá o bico e saiba para onde vai esse dinheiro. Defendem-se eles: ninguém ignora que o Estado é mau gestor. E é certo que banqueiros são um exemplo de boa gestão, como ensinou, na sua notável obra, João Rendeiro. Por isso é que são ricos, e fundaram bancos, em vez de os assaltarem. Mas daí a acreditar, com Coelho e Portas, que são nossos amigos, e darão ao nosso dinheiro um destino diferente do que deram o BCP, o BPN e o BPP, perdoem-me a maldade, isso não.