(parte final)
Deus e Belzebu são um só
A cintilar sobre as cúpulas.
Com eles estão a onça o leão e a loba
Mas também as máquinas de devastar
Que serão aniquiladas depois
De estropiadas dobradas amassadas sobre si
Até suspirarem pela sombra
Até enlouquecerem.
E os poderosos sentindo-se inexpugnáveis
Nas sua cidades de aço
Na sua carne de bronze brilhante
Nos seus obeliscos de ónix
Fazendo sexo com os céus
Capazes de engolir as brasas
Com as suas portas ávidas
Com as suas bocas centro de furacões
Também eles sucumbirão
Com os mares e os meteoros
A erva verde as forragens os manjares insípidos
E as gemas dos dedos
Porque eles são o eco de um uivo e não o sabem
Porque eles são de nada e não o sabem.
Desesperados hão-de deitar o fogo à floresta dos homens
Lançar glaciares contra as labaredas
Mas restar-lhes-ão as cinzas a soluçar na noite
Uma paródia selvagem de negro e negro
Que o Nada lhes saberá explicar.
A todos o incêndio de tudo
Até dos átomos ferozes
Que eternamente se pensaram a devorar
A estrada de leite dos céus
Até os átomos serão traçados
Pelo gládio do Nada sagrado
Até os deuses dez vezes serão cortados
Pela foice em fúria do ceifeiro do tempo.