blog filosófico, cultural e político
Domingo, 30 de Maio de 2004
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A dor é o húmus de todas as revoluções. Tem a coragem de ir ao seu encontro para te transformares a ti mesmo.
HENRIQUE DÓRIA
O QUE MEDITA EM MIM CORRE
O que medita em mim corre
Para onde a água morre
O pássaro azul celeste chama-te
Sobre o Livro das Horas
A hora matinal
Traz ouro na boca
O som do violoncelo na tarde incendiada
Tem o sabor das lágrimas nas árvores
À noite o vento soa
No ventre da terra
HENRIQUE DORIA
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"Cresce, cresce até à morte"
Luc Dietrich
Sábado, 29 de Maio de 2004
O JARDIM DAS HESPÉRIDES- E. BURNE-JONES
Sexta-feira, 28 de Maio de 2004
TRÊS JOVENS FLORENTINAS CAMINHAM
Ondulava ao passo virginal
Ondulava a cabeleira musical
No esplendor do sol tépido
Eram três virgens e uma só graça
Ondulava ao passo virginal
Crespa e negra a cabeleira musical
Eram três virgens e uma só graça
E seis pezinhos em marcha militar
DINO CAMPANA
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Escreveu Agustina Bessa Luís que "A inocência é um insulto que o amor aprova."
Insulto a quê? À razão? Ao mundo?
A razão nunca é inocente. O mundo também o não é. Só o amor, porque só o amor confia. Mas o amor nunca é um insulto porque é a exaltação da vida.
HENRIQUE DÓRIA
AGARRADOS AO PODER
Longe vão os tempos em que o Ministro Walter Rosa se demitiu porque um filho tinha cometido um crime. Em que o Ministro António Vitorino se demitiu porque um jornal lançou a suspeita de que teria cometido uma ilegalidade não pagando uma sisa - que se veio a demonstrar que, afinal, não devia. Em que o Ministro Jorge Coelho se demitiu porque caiu uma ponte centenária, quando a informação sobre os riscos que essa ponte corria nem sequer lhe tinham chegado às mãos.
Nunca se tratou de demissionismo, mas antes do cumprimento rigoroso, até talvez em excesso, dos princípios da ética republicana que devem reger um Estado Democrático: os detentores de cargos públicos devem ter um comportamento acima de qualquer suspeita. E qualquer suspeita minimamente credível que se lance sobre a sua honorabilidade deverá conduzir à sua demissão.
Não se espera que Valentim Loureiro, José Oliveira e Castro Neves saibam em que consiste isso da Ética Republicana em toda a sua extensão. Mas esperar-se-ia que, como detentores de cargos públicos, pelo menos se comportassem com o respeito devido a quem os elegeu - e também a quem não os elegeu, mas dos quais eles não deixam de ser representantes.
E esse respeito implicaria que, face a suspeitas tão graves da prática de tantos crimes, a medidas de coação tão significativas como o são a prisão preventiva,a suspensão do exercício de cargos, e a proibição de contactarem uns com os outros, reflectissem seriamente sobre a legitimidade de permanecerem à frente do poder autárquico dum concelho que tanto precisa de dirigentes em que a população acredite.
As suspeitas não foram lançadas por qualquer jornal- resultaram de uma investigação cuidadosa da Polícia Judiciária dirigida pelo Ministério Público. As medidas de coacção não foram decretadas por qualquer funcionário da Liga de Futebol, mas por um Juiz que analisou com toda a certeza com o máximo cuidado as provas existentes nos autos, ouviu as explicações dos arguidos e, face a umas e outras, decidiu pela medida de coação mais grave do nosso sistema penal,num caso, e, nos outros, por medidas de coação muito rigorosas e raramente aplicadas.
Todos percebemos que Valentim Loureiro só não foi suspenso da presidência da Câmara porque o Juiz entendeu que não podia, face a uma recente interpretação da lei, tomar essa decisão – interpretação que, como jurista que somos, consideramos errada, já que se os tribunais podem decretar a perda de mandato de um Presidente de Câmara, ou, até, do Presidente da República, porque não poderiam tomar a decisão menos gravosa de suspender o seu mandato?
Face a esta evidência, mandava o simples respeito pelos eleitores e pela dignidade e o bom nome de Gondomar que Valentim Loureiro suspendesse as suas funções.
E que Castro Neves se poupasse e poupasse os gondomarenses ao ridículo da situação em que se encontra, não aceitando substituir a vereadora demissionária, ou, se entendesse dever substituí-la, logo após a tomadade posse, suspendendo as funções.
Nem um nem outro tomou as decisões que o simples bom senso e o decoro implicavam que tomassem. Só nos fazem acreditar que se agarram ao poder como tábua de salvação, na convicção de que, mantendo o poder poderão controlar melhor um processo judicial, dando com o seu acto credibilidade a notícias aparecidas na imprensa que relatam o desaparecimento de documentos existentes em serviços camarários.
A procederem assim, mesmo que por hipótese Valentim Loureiro e Castro Neves venham a ser absolvidos, permanecerá a dúvida se tal sucedeu porque foram destruídas provas que os comprometiam.
O que para eles e para o concelho seria intolerável.
HENRIQUE PRIOR
Ver este e outros artigos no jornal O PROGRESSO DE GONDOMAR
Terça-feira, 18 de Maio de 2004
O Reino da Estupidez
MANUAL DO APLICADOR
O Ministério dito da Educação produziu um documento histórico pela grau de estupidez aí atingido. A ordem de serviço do dito ministério era para os professores lerem as instruções de um manual aos alunos do 9º ano de escolaridade, no início das provas de aferição. A generalidade dos professores e dos alunos recusava-se a acreditar que o tal manual lhes fosse dirigido, tal era a estupidez do seu conteúdo. Os alunos riram-se. Muitos professores ficaram fulos com a menorização mental em que eles e os alunos eram colocados. Estranhamente ainda nada se viu escrito ou falado sobre o assunto-um assunto demasiado grave porque revela o grau de desqualificação de quem dirige o ministério.
O tal manual contém um aviso à entrada, dirigido aos professores:
"ATENÇÃO
...............
Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las como são apresentadas ao longo deste manual".
Mais à frente surgem estas pérolas:
"Distribuição das provas
Leia em voz alta:
Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas voltadas para baixo, até que eu vos diga para as voltarem.
..............
Quando acabar de distribuir as provas por todos os alunos, leia:
Podem voltar as provas.
.............
Escrevam a vossa idade no espaço destinado à idade;
.............
Responda apenas aos pedidos de esclarecimento que digam respeito ao preenchimento dos cabeçalhos.
Assim que os alunos acabarem de preencher os cabeçalhos, leia pausadamente e em voz alta:
Agora que já têm o cabeçalho devidamente preenchido, relembro-vos que:
não podem copiar nem trocar impressões com os vossos colegas, porque este trabalho é individual;
.................
Querem perguntar alguma coisa? Fui claro(a)?"
Do princípio ao fim, este manual é todo nesta linha.
Não sabemos se se trata do Ministério da Educação ou do Reino da Estupidez.
HENRIQUE PRIOR
Segunda-feira, 17 de Maio de 2004
FABBRICARE FABBRICARE FABBRICARE
Fabbricare fabbricare fabbricare
Preferisco il rumore del mare
Che dice fabbricare fare e disfare
Fare e disfare è tutto un lavorare
Ecco quello che so fare.
DINO CAMPANA
Domingo, 9 de Maio de 2004
A FAMÍLIA SEGUNDO BARROSO E PORTAS
A dupla Barroso e Portas impôs-se ao bom povo português como paladina da defesa da família. Como, desde que assumiram o poder, só vimos o empobrecimento das famílias portuguesas, o desemprego, o abandono escolar, a fome, o desespero cada vez maior de tantas famílias, não tínhamos percebido ainda onde estavam as famílias que Barroso e Portas protegiam.
Mas percebemos isso nestes últimos dias.
Uma das grandes famílias relativamente às quais Barroso e Portas estão a tomar medidas de protecção é a família Carlyle.
É uma família dispersa pelo mundo inteiro. Os pais fundadares da família dão pelo nome de Norris e Rubenstein. Depois deles, a família alargou-se enormemente: Norris e Rubenstein geraram Carlucci, Carlucci gerou George Bush pai, e este George W. Bush, conhecido por filho, actual presidente dos EUA, que por sua vez gerou Rumsfeld e Collin Powell, que por sua vez geraram, num estranho parto, a Família Real Saudita e a Família Bin Laden, etc, etc, etc.
Até em Portugal tem essa família descendência: o ex-ministro dos Negócios (Estrangeiros) Martins da Cruz, compadre de Durão Barroso, e o inefável Ângelo Correia, também ex-ministro e actual grande homem de negócios.
Esta é a grande família protegida de Barroso e Portas.
Iremos investigar nesta linha para descobrimos as importantes medidas de protecção à família tomadas por Barroso e Portas.
HENRIQUE PRIOR