blog filosófico, cultural e político
Sábado, 26 de Fevereiro de 2005
LYONEL FEININGER - Lady in Mauve
Domingo, 13 de Fevereiro de 2005
PENSAMENTOS PARA MIM PRÓPRIO E OS OUTROS
VAIDADE - 1
Há um sentido da palavra vaidade, aquele em que normalmente a tomamos, que é o de futilidade, inutilidade. É a acepção corrente do substantivo latino VANITAS, que tem como adjectivo VANUS, vazio.
Falamos então do exibicionismo dos medíocres, vazio, oco, sem substância.Do exibicionismo do corvo que se quer mostrar pavão.
É a forma mais frequente, mais vulgar, de vaidade, porque as sociedades estão cheias de medíocres e de tontos, de corvos que se querem ver e mostrar como pavões.
É a inconsciência do ser.
VAIDADE - 2
Há uma outra espécie de vaidade. A daquele que escreve um livro, que pinta um quadro, que realiza qualquer obra de criação artística ( aceitando nós, sem discutir, que a criação ainda hoje é possível em arte) ou científica. Também é um acto de vaidade. Não propriamente algo de vão, porque a obra de arte- mesmo que o seja apenas em tentativa, em intenção- é sempre um meio para desvendar o mundo, interior ou exterior.
Sem dúvida que é uma tentativa de afirmação do eu. Mas essa tentativa, conseguida ou não, é sempre aceitável. Escrever um livro - como fazer um filho, actos que a sabedoria popular iguala- nada tem de vão: é uma fuga à morte. Não interessa que saibamos que até as estrelas morrem. A própria morte da Terra, e, talvez antes da Terra, da espécie humana, é algo demasiado longínquo para ser encarada como uma fatalidade. Mas a morte, sempre presente, de cada um de nós, é uma trágica, uma absurda fatalidade.
Daí que seja legítima toda a tentativa de fugir à morte, prolongando-se o eu através dos genes ou através da obra de arte.
Para os que possuem esta forma de vaidade, sem ela só poderá existir o desespero do ser.
Quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2005
SE VIERES AO MEU ENCONTRO
Se vieres ao meu encontro
Pegarei nas pontas do arco-íris
para as suspender
No teu peito.
Se vieres ao meu encontro
Dar-te-ei estes olhos
Que choram no horizonte.
Se vieres ao meu encontro
Dar-te-ei os meus minutos-dias
Numa taça de absinto
E a minha mão dentro
Do cristal.
Se vieres ao meu encontro
Dar-te-ei uma bela pedra negra
Para que a transformes
Numa pedra branca.
Se vieres ao meu encontro
Vem, quero ver-te nos teus sete véus
Feitos de uma só pena de rola.
Se vieres ao meu encontro
Logo a seguir
Juro
Hei-de perder-me.
HENRIQUE DÓRIA- Mar de Bronze.
Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2005
...
Sou mais eu quando sou tu. (PAUL CELAN)
Domingo, 6 de Fevereiro de 2005
INVOCO OS DEUSES SEM CRENÇA
Invoco os deuses sem crença
Porque sei que a minha verdade
Se existe
É de humilde origem.
Nunca interroguei cristais
O som do búzio
Uso-o
Para sentir nas mãos o longínquo mar.
Sei que estou só
Mas esta verdade tantas vezes a nego
Quantas sinto a curva quente do teu corpo.
HENRIQUE DÓRIA - Mar de Bronze
Sexta-feira, 4 de Fevereiro de 2005
O MENINO E O SOL-Henrique Dória
Este livro para crianças dos 8 aos 80 anos foi o que me deu mais prazer escrever. Correndo o risco de julgar em causa própria, atrevo-me a sugerir a leitura desta homenagem ao menino TOMÁS e a todas as crianças dos 8 aos 80 anos.
Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2005
O DEBATE
Medíocre país, medíocres actores, medíocre debate.