blog filosófico, cultural e político
Domingo, 29 de Maio de 2005
GATO ZECA PROCURA COMPANHEIRA(S)
Gato inteligente, meigo, bem apessoado, procura companheira(s) com idêntico perfil.Solicita-se o envio de fotografia, que será devolvida se não interessar. ASSUNTO SÉRIO, embora não se garanta fidelidade. Resposta para este blog.
MEDITAÇÃO SOBRE UM CAMINHO FABULOSO
" Na floresta de Gribskov, há uma lugar denominado « O Canto dos Oito Caminhos». Só o encontra quem o procura com muito cuidado e finura, porque nenhum mapa o indica.Mesmo o seu nome é uma contradição, porque como pode um cruzamento de oito caminhos públicos formar um «canto» solitário e secreto? Se o encontro de três caminhos chega para para dar nome a tudo o que teme um solitário: a trivialidade, quanto mais trivial ainda não deve ser o encontro de oito caminhos! E, no entanto, é assim mesmo:oito caminhos e quanta solidão!...Próximo dele, um bosque de sebes, tem o nome de «Cerrado Fatal»...A animação dos oito caminhos não é mais do que uma pura possibilidade, - possibilidade para o espírito. Porque ninguém frequenta esse lugar, salvo um pequeno insecto que se apressa, lente festinans... Ninguém frequenta estes caminhos, a não ser o vento, de que não se sabe de onde vem nem para onde vai."
SOREN KIERKGAARD- In Vino Veritas
Sábado, 28 de Maio de 2005
O FIM DO SIGILO FISCAL
Entendo que a importância da justiça fiscal sobreleva os inconvenientes que, eventualmente, poderá causar o fim do sigilo fiscal.Para mim, que sei o valor do dinheiro, porque me custa muito a ganhar, mas que o desvalorizo, porque o gasto naquilo que é importante gastar - sem sequer me dar muito conta disso - entendo que é importante o controle da proveniência e do valor da riqueza. Não tenho algum problema que saibam quanto tenho e de onde vem o que tenho. Faço questão disso, porque aquele que vive ao meu lado na pobreza tem o direito de saber como ganhei o que tenho e se contribuo para que a sua pobreza seja minorada quando defendo a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Sexta-feira, 27 de Maio de 2005
HYERONIMUS BOSCH-A Extracção da Pedra da Loucura
Quinta-feira, 26 de Maio de 2005
A DOENÇA E A CURA
É por demais sabido que a razão do défice crónico do nosso orçamento deriva, em primeiro lugar, da falta de competitividade da nossa economia, e que esta deriva, em primeiro lugar, do défice de formação de gestores económicos e trabalhadores.
Bem sabemos que tudo isso é o resultado longínquo de 50 anos de salazarismo em que a educação e a cultura foram votados ao abandono.
Mas começa, desde há alguns anos, a deixar de o ser, porque o próprio salazarismo está cada vez mais longínquo.
Temos vindo, particularmente no último decénio, a investir cada vez mais na educação, e a percentagem das despesas de educação no Produto Interno Bruto(PIB), que, em termos simples, é o valor dos bens e serviços que o país produz anualmente, está já próxima da média da União Europeia.
É bom lembrar-se que os efeitos no tecido económico nacional desse esforço não são imediatos, e só virão a sentir-se, verdadeiramente, dentro de outros dez anos.
Mas, até os efeitos no investimento na educação se sentirem, o que fazer para, desde já, aumentar a necessidade premente de competitividade da nossa economia e do próprio aparelho de Estado?
Ao contrário do que é opinião comum, pese embora a formação sofrível, senão mesmo medíocre, da nossa classe política, a verdade é que ela é, manifestamente superior à formação da nossa classe empresarial. Esta, no que toca ao essencial do poder económico, isto é, banca, seguros, comércio por grosso, tem o grave defeito de ser exactamente a mesmo que dominava o poder económico antes do 25 de Abril e pactuou, se é que não foi o principal suporte, do salazarismo.
É por isso que os vemos a reclamar benesses a torto e a direito, nomeadamente através de benefícios fiscais que atingem o escandaloso, e, ao mesmo tempo, a falarem sempre mal do Estado para obterem ainda mais benesses, quando não escuros negócios chorudos.
Mas, para além deles, a generalidade da classe empresarial, que devia constituir uma elite, é praticamente tão inculta como os seus trabalhadores.
Com uma agravante: enquanto as organizações sindicais promovem a formação dos trabalhadores que deveriam ser os empresários a promover, em primeira linha, as associações empresariais não promovem a formação dos empresários. Isto é, o desinteresse pela qualificação é muito maior na classe empresarial do que na classe trabalhadora.
Por isso, a primeira medida imediata que o Estado deveria tomar para combater a doença estrutural da nossa economia, seria a de fazer exigências de qualificação aos empresários ( pelo menos aquelas que exige aos trabalhadores).
Sem isso, outras mediadas serão apenas paliativos. Uns melhores e outros piores.
Alguns desse paliativos foram agora anunciados pelo Governo de José Sócrates.
Em nosso entender, esses paliativos são injustos, na sua generalidade, para a população que os sofre, e tecnicamente discutíveis.
A subida do IVA mostrou-se ser uma medida necessária. Mas não a subida de 2 pontos percentuais. O IVA é um imposto que não faz justiça social, bem pelo contrários é o imposto mais gravoso para os consumidores, em particular para os pequenos e médios, que têm um orçamento apertado, no qual o aumento da despesa mais se fará sentir. Se era ( e é, realmente) necessária a subida do IVA, ele poderia subir apenas um ponto percentual.
Então como conseguir o resto do dinheiro?
Em primeiro lugar na abolição das auto-estradas sem portagem, privilégio de alguns que todo o país paga. Não é aceitável que quem vive em Figueira de Castelo Rodrigo, longe do acesso a auto-estradas, que os trabalhadores, pensionistas e reformados pobres que não usam auto-estradas, paguem a Via do Infante e outras auto-estradas sem portagem do litoral ( ou até do interior).
Diria José Sócrates que fez a promessa de não colocar portagens nas Scuts. Mas também fez a promessa de não aumentar os impostos e aumentou-os, pelo que seria muito mais justo que o liberal Ministro das Finanças Luís Campos Cunha doseasse e repartisse os sacrifícios, do que mantivesse uma promessa cuja manutenção é, por si, uma injustiça - a de manter as auto-estradas sem portagem.
Outra medida imediata a tomar pelo governo seria o controle dos lóbis ( para não dizer máfias) económicos instalados nos ministérios.Um exemplo flagrante disso é o Ministério da Justiça. Este ministério gastou, há cerca de 20 anos, rios de dinheiro em instalações de gravação de prova nos tribunais que só dez anos depois começaram a ser utilizados. É óbvio que, quando começaram a ser utilizados, já estavam completamente desactualizados. O preço deles não sabemos ao certo, mas sabemos que foi uma escandaleira.
Os cartórios notariais e as conservatórias estão a abarrotar de computadores, metade deles encaixotados. Uma caixinha em plástico transparente destinada a receber reclamações que existe nestes serviços, adquirida a uma conhecida fornecedora do Estado, custou ao Estado 8 Euros. Qualquer loja dos 300 não levaria por essa caixa mais do que 1 euro. Se isto é assim nestas ninharias ( que somadas dão muito) imaginamos como não será nos grandes fornecimentos, nomeadamente de mobiliário, que volta e meia é substituído a torto e a direito nos tribunais e nas referidas repartições.
Sabemos o que são os interesses económicos instalados no Ministério da Justiça. Imaginamos o que serão no Ministério da Saúde e na Defesa Nacional, entre outros.
Por outro lado, é sabida a escandalosa derrapagem das obras públicas, em particular das grandes, sem que alguma vez alguém tenha sido responsabilizado por essas derrapagens.
Uma medida de saneamento urgente seria o acompanhamento financeiro MENSAL da execução das obras públicas, em particular das grandes, e a responsabilização de todos aqueles que as projectaram e orçamentaram, a fim de que este escândalo nacional pare de uma vez por todas.
Só estas medidas tornariam desnecessário o aumento de um ponto percentual do IVA.
Mas mais seria necessário e possível fazer: são da maior premência medidas de controle da fuga ao fisco através da subfacturação ou da sobrefacturação, e o fim dos sigilos fiscal e bancário, para que as riquezas deste país, grandes ou pequenas, fossem de conhecimento público, a fim de que os cidadãos pudessem exercer censura sobre os detentores de riqueza, controlando-se a legalidade da sua proveniência e os impostos que pagam ou deixam de pagar
E de maior premência ainda é terminar com o caos e a injustiça que grassa no funcionamento dos tribunais, que são mais teatros do absurdo do que Casas da Justiça.
Só isso levaria a um aumento do PIB em, pelo menos, 8 por cento. E tornaria desnecessárias grande parte destas medidas tão gravosas para os cidadãos que acabam de ser tomadas.
Domingo, 22 de Maio de 2005
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BENFICAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAGOGOL PLEX!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sexta-feira, 20 de Maio de 2005
EDUCAÇÃO PELO SONHO
Salto de telhado em telhado
E com enorme rede de borboletas
Caço tecnocratas burocratas
Gnoseocratas
Coloco os mais belos exemplares
Em pequenos vidros com ácool
E escrevo nos rótulos
Cada nome pesquisado
Mostro-os aos alunos em classe
Junto com dinossauros
Gigantossauros tiranossauros
Que descem obedientes
Das paredes da sala de aula
E tu adoças o meu sonho
Vejo que a orelha esquerda te sorri
Provoca-me um quieto insecto
Meu conhecido professor de biologia
VASKO POPA-Corte
Terça-feira, 17 de Maio de 2005
O HORÁRIO DA ESCOLA
Num Congresso do PS apresentei, em tempos, uma moção sectorial, que foi aprovada, na qual propunha que as crianças e os jovens permanecessem na escola pública entre as 8,30h e as 18h.Com aulas em metade do tempo, e estudo acompanhado na outra metade.
Como medida complementar desta deveria reduzir-se o número de disciplinas para 8, no máximo. Seriam 6 as obrigatórias: Português e Matemática, por razões óbvias;História e Geografia, para que os alunos aprendessem a situar-se no tempo e no espaço.Depois, uma língua estrangeira e Educação Física. Além destas deveria haver mais duas disciplinas de opção, dentro de um leque em que estariam Física-Química, Ciências da Natureza, Educação Visual, Educação Musical e Educação Cívica.
Estas medidas teriam, desde logo, três vantagens, entre outras: 1ª Retirar o contacto dos alunos com o mundo absorvente e fácil da imagem (agora, até os livros de Matemática estão cheios de imagens!) incutindo-lhes a prática do esforço e da abstracção, essenciais a qualquer processo de aprendizagem. 2º Proporcionar-lhes uma ocupação acompanhada do tempo fora de aulas já que, a maior parte deles, saindo das aulas vai para casa ou para a rua, onde fica ao abandono até que os pais regressem do trabalho.3º Proporcionar uma adaptação do horário escolar ao horário de trabalho dos pais.
Parecem ir neste sentido as recentes propostas da Ministra da Educação.Oxalá que assim continue, pondo em prática o que foi discutido e aprovado num Congresso socialista, mas, infelizmente, posto de parte pelo PS.
O CASO GRÃO-PARÁ
O que impressiona no caso Grão-Pará é a cumplicidade do poder político com a fraude descarada.Repare-se que, no Governo de Guterres, Pina Moura aceitou como pagamento de dívidas à Segurança Social bens que valiam, na melhor das hipóteses, 10% da dívida, bens que davam e continuaram a dar prejuízo a quem os explora- dantes a Grão-Pará, agora o Estado.
Não contente com isso, o cristão Abel continuou a arrecadar o que descontava aos trabalhadores e deveria ter entregado à Segurança Social ao longo de anos, sem que alguma vez tivesse sido incomodado com processos crime de abuso de confiança fiscal- processos esses que o Fisco e a Segurança Social estão a levantar a torto e a direito a empresários têxteis, alguns dos quais se têm desfeito de bens próprios para segurar as empresas.
Note-se que a Segurança Social, a quem deve milhões, aceita o pagamento de 10% da dívida, sem juros vencidos nem vincendos, e em 10 anos. A quem deve meia dúzia de milhares, exige tudo, com juros vencidos e vincendos. Conheço pequenos empresários aos quais a Segurança Social e o Fisco puseram a própria casa à venda.
Mas o cristão Abel ( e alguns outros como ele) parece estar protegido pela casa de Deus.
No final, se calhar ainda vai pedir uma indemnização ao Estado por ter sido incomodado pelo Ministério Público e pela comunicação social. E nada garante que a não obtenha, com a justiça que temos.
Domingo, 15 de Maio de 2005
SER BENFIQUISTA
Ser benfiquista é gostar da montanha russa.