Havia entre os romanos um deus vindo do Oriente, o deus mais estranho entre os deuses, um dos mais antigos, deus de deuses. Chamava-se Janus. Era o deus do princípio de tudo. Em primeiro lugar do princípio do tempo, e, por isso, era-lhe dedicado o primeiro mês do ano, Janeiro,
Tinha um duplo rosto: uma face voltada para o Ocidente e outra para o Oriente, uma para o que entre, outra para o que sai, uma para o passado outra para o futuro, uma para o interior, outra para o exterior, uma para o bem, outra para o mal, uma para a luz, outra para as trevas. E o bem e o mal, a luz e as trevas, constituíam cada uma delas uma das faces Janus.
Poderia o seu duplo olhar ser encarado como um bem, como o símbolo da prudência, que olha todas as partes da questão antes de decidir. Ou como um mal, o símbolo do imperialismo, do que tudo vê e tudo controla.
Janus era o deus das portas. Quando se entra no Templo entra-se por uma porta, uma porta baixa, para que o profano sinta a dificuldade da passagem de fora do Templo, do mundo profano, para dentro do Templo, para o mundo da luz. A porta do Templo é a porta do Ocidente, porque é no seu umbral que o sol se põe.
Cada um de nós é um Templo, que se pode abrir para o lado da luz ou para o lado das trevas. Cada um de nós, sem excepção.
HENRIQUE DÓRIA-Fragmentos
Ninguém com sentido de responsabilidade cívica contestará a necessidade de avaliação dos professores. Há muitos outros profissionais que há muito são avaliados ( melhor ou pior, muitas vezes pior). Todos deveríamos ser avaliados pelo nosso empenho e desempenho no trabalho, para que o país funcionasse melhor. A começar pelos governos e pelos deputados, porque estes têm o país nas mãos, e deverão constituir exemplo para todos.
Mas um dos problemas da avaliação neste país, quando ela existe, são os critérios com que é feita, raramente os melhores.
No caso dos professores do ensino básico e secundário, a actual Ministra da Educação tem em preparação ( dizemos isto eufemísticamente, porque com o espírito autoritário da ministra, o diploma já está concluído há muito) um diploma que regulamenta a avaliação do empenho e desempenho dos professores.
Numa crónica inserida na página ao lado neste jornal, o meu querido amigo Professor Vital Moreira defende esses critérios de avaliação. Pese o muito respeito que tenho pelas suas opiniões, não posso deixar de discordar delas.
O diploma contém dois itens de avaliação que deveriam ser profundamente meditados nas consequência que poderão ter no sistema de ensino.
O primeiro deles é a avaliação da componente lectiva pelos pais.
É mais que conhecida a iliteracia geral dos portugueses. E pôr um professor a ser avaliado por alguém que a única coisa que sabe, e mal, é falar de futebol ou da telenovela em curso na TVI, é não só ridículo como perigoso.
Não ignora também o Professor Vital Moreira que as agressões a professores por parte de pais e alunos tem vindo a aumentar exponencialmente nos últimos anos. Não ignora ainda que há pais que tentam comprar as notas dos filhos, que agridem os filhos de tal modo que chegam a sangrar à escola, que os violam, etc., etc., etc.
Na melhor das hipóteses há pais que não ligam aos filhos, que chamados pela escola nem sequer aparecem.
Dar a estes pais a possibilidade de avaliarem os professores, é entregarem-lhe uma espada para cortarem cerce a autoridade dos professores na escola, que é um dos fundamentos da escola democrática e de um bom sistema de ensino.
Os professores podem dar aos alunos a educação que a generalidade dos pais lhes não dá. Mas dar educação aos pais é que os professores não podem.
Por isso, a avaliação do professores pelos pais, INDISCRIMINADAMENTE, como o prevê o diploma ministerial, é gravemente atentatório na só da escola democrática como da eficácia dos sistema de ensino ( e educação).
No entanto não deixo de sugerir uma alternativa: avaliação sim, não indiscriminadamente pelos pais, mas por uma comissão por turma constituída por três pais de reconhecido mérito intelectual e moral, escolhidos para cada turma pelo conselho pedagógico.
Assim, os pais poderiam desempenhar a função de avaliação dos professores que seria útil que desempenhassem.
Outra questão na avaliação dos professores é o item em que são classificados pelo abandono escolar.
É cínico, na melhor das hipóteses, esse item, tal como vem exposto no diploma. Ignorará a Sr.ª Ministra que o abandono escolar tem raízes profundas na economia e na sociedade de liberalismo selvagem que este governo está a prosseguir?
Avaliar os professores por algo que competiria ao governo fazer é, no mínimo, cínico.
Os professores podem lutar contra o abandono escolar. Mas as taxas de abandono escolar e, até, de certo modo, de insucesso escolar, transcendem-nos em muito, e o diploma nem se dá ao trabalho de meditar sobre essas razões.
Se um dos itens fosse o empenho na luta contra o abandono e insucesso escolar, isso seria aceitável.
Mas ignorará a Sr.ª Ministra que há professores que se empenham nessa luta, e muito, mas ingloriamente? Sancionar esses professores pelo insucesso ou abandono e alunos relativamente aos quais os professores trabalharam arduamente para que tivessem sucesso ou não abandonassem a escola, embora não o conseguindo, é, no mínimo, uma grave injustiça.
Há uma sociedade moldada por quem nos governa. Há Comissões de Protecção de Menores que não têm os meios nem desempenham as funções que deveriam desempenhar para lutarem contra o abandono e o insucesso escolar.
Por favor, Sr.ª Ministra, por favor Professor Vital Moreira, não culpem os professores pelas responsabilidades de outros. E não contribuam para que outros encontrem na culpabilização dos professores um álibi para a sua inércia ou incompetência., ou, sobretudo, para as consequências para as novas gerações da sociedade que estão a construir.
De Vasco Paiva recebi esta mensagem sobre Timor que todos os portugueses devem conhecer:
"Daquilo que conheci quando estive em Timor, no ano passado, mais os
contactos que mantenho diariamente com os meus amigos que lá estão a
trabalhar, algumas ideias e uma leitura naturalmente muito superficial...
Quando foi a invasão do Iraque pelos americanos, Ramos Horta apressou-se a
declarar o apoio aos EEUU. Entrevistado por um jornalista Mário Alkatiri
declarou-se a favor da paz e da resolução dos problemas no quadro das
Nações Unidas. O jornalista insistiu que um ministro do governo de Timor
tinha apoiado os americanos...A resposta de Mário Alkatiri, perante a
insistência, foi de que Ramos Horta não o fez como representante do governo
de Timor "deve ter sido como Prémio Nobel da PAZ"!
Quando o Governo de Timor procurava fazer cumprir a Constituição e a
religião católica não ser de ensino obrigatório nas
escolas...desencadearam-se as manifestções. Também uma jornalista insistiu
perante o 1º Ministro que teria sido manipulado por estrangeiros o que
Alkatiri negou... e ela insistiu com a presença do Embaixador Americano na
manifestção. Alkatiri desvalorizou... mais ou menos isso "conheço bem o Sr.
Embaixador, é muito católico, vai à missa todos os domingos, deve ter
pensado que era uma procissão.."
A sensatez e a independência de Mário Alkatiri e do seu país paga-se!
No fim de semana passado, no Público, uma socióloga australiana dizia que o
governo da Austrália não gostava do governo de Timor por causa da
delimitação do mar de Timor! Hoje a esposa de Xanana, AUSTRALIANA, já
falava (em inglês) para a rádio e já parecia a nova porta voz, falando em
nome do Presidente e da sua concertação com Ramos Horta!... e com a
Austrália é claro!
A 1ª ofensiva em finais de Abril visava o Congresso da Fetilin, coincidiam
os 4 anos de independência, o fim da missão da ONU. Como ponta de lança, no
Congresso, contra o Governo e contra Alkatiri, surgia o embaixaor Timorense
nos EEUU, que depende hierarquicamente de Ramos Horta...Rápidamente a
Astrália mobilizou as suas tropas e colocou os seus barcos de guerra junto
ao mar de Timor...
Em análise no Conselho de Segurança o pedido de mais um ano de missão da ONU
em Timor, os EEUU opuseram-se, só aceitaram mais um mês, jogavam na
deterioração da situação e no papel/intervenção da Austrália. No
Congresso
essa ofensiva perdeu, ganhou a direcção, os membros do Governo e Alkatiri.
O suposto "comandante" dos supostos "rebeldes" sempre viveu na Austrália, só
depois da independência foi para Timor, onde pelo "treinamento" dos
conselheiros australianos, integrados na ONU, chegou a comandante da
polícia.
Estavam a decorrer os concursos públicos para atribuição das concessões de
exploração de petróleo no mar de Timor. No fim de semana começou-se a
conhecer que as COMPANHIAS AUSTRALIANAS estavam mal posicionadas! Na 2ª
feira foram tornados públicos os resultados do concurso. Nenhuma COMPANHIA
AUSTRALIANA obteve uma licença. Na 3ª feira recrudesceram os conflitos em
Timor. Na 4ª feira entrou a tropa australiana!
Naturalmente que o chefe dos "rebeldes" diz que só fala com Xanana, com
Ramos Horta e com o comandante das tropas da Austrália... pelo meio ainda
ficou uma "tentativa de mediação"?... que metia o embaixador da indonésia em
Lisboa e a proposta de um encontro "entre as diversas partes" em Fátima!...
Será fácil procurar mais coincidências, só tentei sistematizar algumas para
o triângulo TIMOR-PETRÓLEO-AUSTRÁLIA e os seus pilares Xanana (casado com a
Austrália) e Ramos Horta com um pé nos Estados Unidos e outro na Austrália
e a viver numa rua a que deu o nome de "Boulevard Kenedy"...
Podem ainda conhecer mais notícias num blog ainda feito em Timor com todas
as limitações de quem o faz, nas condições em que o faz...
http://www.timor-online.blogspot.com/
Para mim, no meio desta caldeirada, o pior que pode acontecer é ficarem
reféns da Austrália que a pretexto de conflitos internos, entra e fica, como
foi com a Indonésia...
Um abraço para todos e por favor ajudem a esclarecer a situação."