blog filosófico, cultural e político
Sábado, 24 de Novembro de 2007
O ACASO QUE SOMOS

Esse acaso, essa improbabilidade que somos tantas vezes se transforma num milagre!

 

Mas logo o milagre dá lugar ao drama da existência e este ao cataclismo da morte.

 

O ser e o nada, o amor e a dor consumindo-se mutuamente.

 

HENRIQUE DÓRIA-Fragmentos



publicado por henrique doria às 13:36
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Domingo, 18 de Novembro de 2007
UMA VOZ ESCAPAVA-SE SOBRE AS ÁGUAS

Uma voz escapava-se sobre as águas

 

Entre o nada e o muro exangue-

 

E atrás dela voavam as tuas mãos

 

Com os dedos em sangue.

 

 

 

Nunca encontrarás essa voz

 

Desejada

 

Porque as fadas estão sempre em viagem

 

E de costas voltadas para nós

 

Feitas que são da árvore incendiada

 

Que nos deixou sós.

 

 



publicado por henrique doria às 21:05
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 12 de Novembro de 2007
CIORAN, Le Livre des Leurres
" que des spirales sonores e infinies l´inondent, tournoyant et rivalisant de volutes étranges."


publicado por henrique doria às 09:04
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Sábado, 10 de Novembro de 2007
CAPELA DE SANTA ANA, retábulo de Gil de Siloe


publicado por henrique doria às 00:10
link do post | comentar | favorito

CATEDRAL DE BURGOS


publicado por henrique doria às 00:08
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 9 de Novembro de 2007
VIAGEM AO PAÍS DOS CÁTAROS

                                           DO PORTO A BURGOS

           

Viajar de Portugal para Espanha é tarefa fácil nos tempos de hoje. Recordo agora uma viagem feita nos meus quinze anos em que demorei um dia a chegar de Coimbra a Compostela. Se houve algo em que Portugal se transformou totalmente nos últimos trinta anos foi nas vias de comunicação. Sem dúvida que, neste campo, a chuva de dinheiro que nos caiu da União Europeia deu frutos. Bons frutos mesmo.

A minha viagem ao País dos Cátaros iria começar por Pau. Em Pau, cidade que foi já capital de Navarra, começa-se a sentir o pulsar do Languedoc. Mas, antes de alcançar Pau, eu quis recordar essa viagem feliz dos meus quinze anos, através de Espanha e do sul de França, e rememorar aquele que fora para mim o lugar marcante dessa viagem: S. Sebastian.

No meio da viagem, porém iria parar em Burgos, cidade que atravessara já algumas vezes, mas sempre sem poder admirar aquela que é uma das mais belas catedrais do Mundo. Seria agora que a peregrinação a esse lugar de imensa beleza iria ser feita.

Do Porto à fronteira de Chaves não demoramos mais do que hora e meia, sem forçar a velocidade - metade do tempo que se gastava há trinta anos. Faço uma paragem antes de Espanha para saborear, por muitos dias, o bom café português. Do outro lado da portuguesa Vila Verde da Raia – que lindo nome! – está a aldeia espanhola de Feces de Abajo,  sobre a qual ainda não compreendi porque não lhe foi mudado o nome, como em Portugal se fez de Porcalhota para Amadora.

Entre Portugal e Espanha, a não ser nas estradas, agora piores em Espanha, não se nota qualquer diferença. Os campos, as casas, as pessoas são iguais de um lado e de outro da fronteira que o Tâmega une, provando que não faz sentido a invocação da diferença geográfica para justificar a independência de Portugal.

Chegamos junto de Verin, por estrada, dirigindo-nos depois a Burgos por auto-estrada. Com uma paragem para descanso e abastecimento de combustível –e mais uma vez notamos que Portugal leva a palma a Espanha no que toca à rede de auto-estradas, pois a estações de serviço em Portugal são francamente melhores que em Espanha – cerca das onze horas estávamos em Burgos. Não foi difícil encontrar estacionamento próximo da catedral. E se não fossem alguns jovens com o rosto marcado pela desgraça da droga com que nos deparámos junto ao parque de estacionamento, diríamos que aquele gente de Burgos é uma gente feliz. Junto ao rio próximo da catedral decorria um festival do linho. Raparigas e rapazes, todos belíssimos, cantavam, dançavam e tocavam como se aquela fosse a terra da felicidade.

Bom encontro com a beleza despreocupada antes do encontro com a beleza sábia da catedral.

Hoje património da Humanidade, a catedral de Burgos é uma construção que acumula cinco séculos de História. Iniciada em 1221 sob o patrocínio de Fernando III, de Leão e Castela, o Santo, e do bispo D. Maurício, foi concluída apenas no século XVIII, com a construção da Capela das Relíquias e de Santa Tecla, e da Sacristia Maior. Entre tantos séculos e tão diversos estilos os seus obreiros foram conseguindo aquele equilíbrio estético tão difícil de alcançar.

De “incomparável” a classificou o papa Leão XIII, e de “assombro das nações” o poeta J. Zorrilla. Nela não sabemos o que admirar mais: se a floresta de pedra das sua torres se a beleza serena da sua fachada. Se a grandiosidade luminosa da nave central, se a decoração em claro/escuro das capelas laterais. Se a quase austeridade da capela de Cristo se a decoração vertiginosa da Capela de Santa Tecla, obra colectiva do ano de 1736. Se os grandiosos túmulos de reis e bispos, do Cid e de D. Ximena, se os majestosos e profusamente decorados cadeirões do capítulo, em madeira de nogueira, ou, até, a carroça de prata que todos os anos sai para a procissão do Corpus Cristi. Talvez eu retenha, para mim próprio, o Retábulo Maior da Capela da Conceição e Santa Ana, obra de mestre Gil de Siloe em estilo gótico flamejante, autor de muitos outros trabalhos na catedral.

Depois de visitarmos o edifício principal, quase nos falta a respiração para visitarmos os claustros e o museu cuja riqueza e variedade de estilos e peças merece também uma visita atenta.

Parafraseando Camões, mais vale vê-la que contá-la, porque, por melhor que se descreva, só perante a visão de tanta beleza a poderemos compreender.

Mas antes de partir para S. Sebastian, impunha-se também uma visita à Cartuxa de Miraflores,  para aí admirar mais uma fabulosa obra de  mestre Gil de Siloe, os túmulos de João II de Castela e Isabel de Portugal.

E, mais uma vez, o espanto perante tanta beleza. Não poderia ter começado melhor a viagem ao País dos Cátaros.



publicado por henrique doria às 23:04
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Sábado, 3 de Novembro de 2007
ESCREVER A MORTE

Escrever a morte

 

em palavras púrpura

 

sobre o branco nada

 

 

porque do inferno

 

só poderemos trazer sombras

 

ao som da flauta

 

 

 

-ou estátuas de sal.



publicado por henrique doria às 22:01
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Sexta-feira, 2 de Novembro de 2007
WILLIAM BLAKE - Deus


publicado por henrique doria às 00:34
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Junho 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30


posts recentes

FRAGMENTO

VÊS-TE ELEITO ENTRE AS ES...

FRAGMENTO

VASOS

FRAGMENTO

O FUTURO DEVOROU O PASSAD...

FALO DAS COISAS SÉRIAS DA...

FRAGMENTO CONTRA CIORAN

UMA ESTRELA NA BOCA

FRAGMENTO

arquivos

Junho 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Maio 2018

Fevereiro 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Outubro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Abril 2013

Março 2013

Dezembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

blogs SAPO
subscrever feeds