blog filosófico, cultural e político
Sexta-feira, 30 de Maio de 2008
EM NÓS COMO UM ESPELHO

Em nós como um espelho

olhamos às vezes certos mortos

onde admiramos a única

nudez da nossa vida:

um tempo cheio de mortes sucessivas.

E sem saber se por terrível ironia

ou humana compaixão

vestimos então nossas máscaras diárias.

É na interminável solidão,

na ambígua intimidade de nós mesmos

que elas nos concedem

que descobrimos o lento tecido

da nossa própria morte em outros começada.

 

HENRIQUE DÓRIA-Círculo da Terra

 



publicado por henrique doria às 22:25
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Domingo, 25 de Maio de 2008
MÁSCARAS

 

Acredito que somos várias pessoas numa só e, por isso, usamos máscaras.Porque as máscaras são o modo como conservamos a unidade na pluralidade do nosso ser.
 
 
 
Sem as máscaras que nos permitem a unidade não conseguiríamos manter-nos lúcidos.
 
HNERIQUE DÓRIA-Fragmentos


publicado por henrique doria às 11:22
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Sábado, 24 de Maio de 2008
APÓS GOYA

Traçado está há muito o teu

destino-

chegaste pelo encontro de dois corpos

terrestres

partirás pelo encontro de dois corpos

celestes.

 

O teu nome escreve-se com

 

e - no fim- nem as aves

te virão

debicar

 

para teres qualquer

-utilidade.

 

 



publicado por henrique doria às 12:54
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Sexta-feira, 23 de Maio de 2008
PENA CAPITAL



publicado por henrique doria às 22:50
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Sábado, 17 de Maio de 2008
PENA CAPITAL ( continuação)

 

E, agora, eis-me  dentro do inferno. Um inferno em forma de maelstrom aspirando-me para o seu fundo.
No dia combinado, fui ao escritório da minha defensora para me informar das suas alegações. Assim, pensava ela, eu ficaria tranquilizado.
O escritório da advogada era uma pequena sala com uma secretária, três cadeiras para os clientes, e uma estante ao lado direito da cadeira onde se sentava a advogada. Na estante havia sobretudo livros de poesia, romances e obras filosóficas. Eu já a vira ler As Formigas, de Boris Vian, no átrio do tribunal, enquanto esperava pelo meu julgamento. E confirmou-se o meu receio. Pode ser inteligente, esta advogada, mas não será, de certeza, grande advogada. Poesia, filosofia e romance são incompatíveis com a advocacia.
Mas não foi isso que me preocupou. Preocupou-me sim o quadro enorme de madeira, com duas peças desniveladas, pintado de um amarelo mortífero
Sobre o amarelo mortífero, estava desenhada, a negro, uma Alice de pescoço enorme e fino que chegava ao cimo do quadro, uma Alice sem cabeça e com os pés pequenos encerrada num labirinto.
Fiquei logo a tremer porque pressenti o pior.
Vendo o meu desespero, a advogada que a Justiça tivera a caridade de me nomear tentou acalmar-me.
-O senhor foi vítima de uma sucessão lamentável de enganos e azares. A pena de morte há muito que está abolida. A Constituição da República proíbe-a. Mas o procurador entende que devia ser posta em vigor novamente. E, como ele e o juiz são amigos, e o juiz é muito influenciado pelo procurador, engendraram ambos um modo de o condenar à morte. Foi assim: por um lamentável erro, no seu bilhete de identidade está escrito que o senhor nasceu em 30 de Junho de 1867, e não em trinta de Junho de 1967. Foi por aqui que o procurador pegou. A lei que aboliu a pena de morte data de 1 de Julho de 1867, é o Acto Adicional iii. Como, no seu bilhete de identidade, o senhor nasceu a 30 de Junho de 1867, o juiz decidiu o seu caso estava sujeito às leis afonsinas, que obrigavam a que no processo penal se aplicasse no tempo a lei mais dura para o réu – a lei que deixou de existir no dia seguinte ao que constava no bilhete de identidade como o do seu nascimento.
O senhor matou – logo, foi-lhe aplicada a pena de morte.


publicado por henrique doria às 23:53
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Domingo, 11 de Maio de 2008
NO FUNDO DA BOCA

No fundo da boca transbordante

a

   solidão.



publicado por henrique doria às 23:01
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DENTRO DO ESPELHO

Dentro do espelho

ex

plode o coração



publicado por henrique doria às 23:00
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FELIZES AS NUVENS

Felizes as nuvens  que não recordam

nem esquecem

e por isso não padecem

do mal que as nossas mãos de espuma

tecem.

 



publicado por henrique doria às 22:53
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Sábado, 3 de Maio de 2008
PROPOSTA PARA O PRÓXIMO DECÉNIO

Com o século XXI entrámos na Era do Aquário, que é o décimo primeiro signo do Zodíaco, aproximando-se o sol do fim de uma viagem através das constelações. Se a Era de Peixes é um tempo de inconsistência, um tempo em que o homem se encontra voltado para o seu mundo interior na fronteira entre o bem e o mal, se esta Era terminou com a catástrofe purificadora da segunda grande guerra mundial, a Era de Aquário é a era da fraternidade, da solidariedade, do desprendimento dos bens materiais, da comunidade espiritual universal. É simbolizada por um velho sábio, por um Mestre Perfeito que leva consigo uma ou duas ânforas cheias, que derramam a água etérea da sabedoria para que toda a Terra dela possa beber.

Os Mestres Perfeitos que nos deverão guiar através desta Era são, para mim, Apolónio de Tiana e Sri Aurobindo.

A sabedoria de ambos ditou-me a proposta que aqui faço para que o Homem comece a cumprir com êxito a sua viagem pela Era do Aquário.

O homem actual deveria sentir vergonha de si próprio porque, apesar da riqueza criada pela civilização, apesar de a ciência e a técnica  permitirem tornar a vida num hino à alegria,  fazendo da morte uma suave viagem, o homem continua um ser antes do Homem.

Para superar este estádio pré-humano do Homem, é essencial que se lancem, já no próximo decénio, as fundações da Cidade Perfeita.

Como Auroville nos mostra, a nossa viagem para a terrena Cidade Perfeita só poderá fazer-se desde que em volta  de cada um de nós haja um Anel de Paz, e que em volta de toda a Terra se construa um Anel de Paz.

A construção do Anel de Paz deverá ser a tarefa mais urgente, porque a mais importante, da humanidade.

Temos já um sector desse círculo: a Organização das Nações Unidas.

É urgente, como o demonstram os últimos cinco anos, que esse sector circular se amplie até se transformar num círculo.

A Organização das Nações Unidas deverá transformar-se num governo sobre toda a Cidade da Terra. Um governo que, não afastando os governos das nações, construa com estes a unidade na diversidade da espécie humana.

Para isso, a ONU deverá ser dotada dos três poderes que constituem as traves mestras das sociedades modernas: o legislativo, o executivo e o judicial. E ainda um outro poder, o moderador, simbolizando a unidade das nações: um Presidente.

Para que o poder moderador funcione com uma legitimidade universal, o Presidente deverá também ser eleito por sufrágio universal.

Entendo que a Presidência das Nações Unidas deverá ficar sedeada em Portugal.

Por uma questão de justiça histórica, pois foi Portugal quem deu novos mundos ao mundo. Porque Portugal está a meio dos dois grandes mundos que são a Ásia e a América. Porque Portugal é um grande país pequeno que soube, como nenhum outro, integrar a diversidade dos homens na  sua unidade.

Porque Portugal contém em si o gérmen da Cidade Perfeita, como bem intuíram o Padre António Vieira, Fernando Pessoa e, junto de nós, Agostinho da Silva.

O poder legislativo deveria ser legitimado também através do sufrágio universal, com um sistema eleitoral que permitisse a todos os países estarem representados, e que o sufrágio universal  não fosse a legitimação do domínio das maiorias sobre as minorias.

Tal equilíbrio poderia efectuar-se através da eleição de um representante na Assembleia Geral por cada Estado. E constituindo-se círculos eleitorais em que os países mais populosos deveriam ter a sua representação limitada, de modo a que um só país não pudesse dominar a Assembleia Geral.

Tal como sucede actualmente, o poder legislativo deveria continuar sedeado nos Estados Unidos da América.

O poder executivo, com funções equilibradamente restritas, deveria ficar sedeado na  Índia.

O poder judicial, quer de carácter civil, quer de carácter penal, restrito às questões globais quer civis quer penais, a definir concretamente, deveria situar-se na África do Sul, fazendo assim a justa homenagem a um dos grandes homens do nosso tempo, Nelson Mandela.

Uma força militar ao serviço do poder executivo, comandada pelo Presidente, e controlada pelos poderes legislativo e judicial, manteria a paz universal, intervindo apenas em situações de violação grave e reiterada dos direitos humanos.

A força armada seria, assim, a guardiã da Paz.

Estes princípios deveriam plasmar-se numa Magna Carta da  Cidade Terrena, a ser aprovada por todas as nações e todos os homens.

Seria este, em breve e imperfeito esboço, o plano da Cidade Perfeita que  os Mestres Perfeitos que foram Apolónio de Tiana e Sri Aurobindo nos indicaram na sua luminosa viagem sobre a Terra.



publicado por henrique doria às 22:17
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publicado por henrique doria às 22:10
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