blog filosófico, cultural e político
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008
ARDEM SOBRE O MAR

Ardem sobre o mar

dunas, árvores, noras adormecidas.

As ondas abriam a imagem dos pobres

e as crianças que todo o Outono choraram

dentro das conchas

derramam na areia

o seu indescernível sorriso.

 

Ao longe, alguém quis regressar

para o início da noite,

trazer consigo uma lâmpada,

estrelas no olhar.

Mas parece ter-se perdido

obcecado entre a dor

e o desejo das corças impacientes

- ele que parecia conhecer os caminhos

da floresta

ele que parecia dirigir-se para o norte

das caleches douradas.

 

Passam cardumes de pequenas luas

pela abóbada da solidão.

Cavalos erguem um turbilhão de nevoeiro,

cavalos com sinais humanos, cavalos sangrentos.

 

HENRIQUE DÓRIA- Círculo da Terra

 



publicado por henrique doria às 23:43
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Domingo, 21 de Setembro de 2008
A GRANDE DEPRESSÃO



publicado por henrique doria às 12:59
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A FRAUDE DA MÃO INVISIVEL

Ficou historicamente demonstado que a comunismo foi uma fraude, uma fraude em que tantos embarcaram cheios de boas intenções e do mais cristão amor ao próximo.

Sempre estive convencido que o liberalismo era também uma fraude, e que como fraude tinha já sido desmascarado com a Grande Depressão.

Porém, o liberalismo, com a sua aparência benévola de respeito pelos outros e pela sua liberdade, na medida em que absolutizava o indivíduo, e colocava todo o poder económico, que é o essencial do poder na cidade, nas mãos e sob a vontade do indivíduo, não é mais do que o sancionar do poder do mais forte.

Sempre vocifereram os liberais contra a intervenção do Estado, como se fosse em si o mal que vinha estragar a saúde férrea e a acção para todos benévola da mão invisível.

Mas são agora os mais liberais dos liberais, a clique de Bush, que toma a medida mais antibeliberal que se pode tomar: a socialização dos prejuízos.

É claro que os lucros nunca não poderão, para os liberais, ser socialisados, nem sequer através dos impostos. Mas os prejuízos sim.

A mão invisível mostrou até que ponto vai a sua fraude: os pobres  são forçados a pagar a crise que encheu de dinheiro os ricos que apostaram no enriquecimento através da corrupção.

E quando o barco do liberalismo corre o risco de se afundar, lá está a mão visível do Estado a dar a mão à mão invisível para que esta se salve.

Mas não desesperemos: os liberais continuarão a defender o liberalismo como se nada tivesse acontecido.

Pudera: eles continuam com as costas quentes!

Mas para aqueles que, em todo o mundo, vivem com sacrifício do seu tabalho, para esses aconteceu algo de muito importante: estão a pagar a factura da fraude americana.



publicado por henrique doria às 12:26
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Sábado, 13 de Setembro de 2008
MORREM CEDO OS QUE OS DEUSES AMAM

 FRANZ SCHUBERT

 



publicado por henrique doria às 09:34
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FRANZ SCHUBERT, ou o drama da existência

Ontem à noite, duas hora a ouvir Schubert.Cada vez mais o compositor de que me sinto mais próximo, o mais amado.Nenhum outro compositor soube expressar através da música o drama da existência. Bach é excessivamente metafísico.Mozart tem normalmente uma despreocupação com a existência que me impressiona, apesar de ter escrito o D. Juan, obra que parece influenciada pela angústia de Kierkgaard, mesmo antes de haver Kierkgaard. E o fabuloso Requiem.Beethoven excessivamente heróico.

Schubert é desesperadamente humano.

Como nenhum outro tinha presente a consciência da morte.E de como poderia salvar-se através da arte.

Quando o pai, professor primário, lhe escreveu a aconselhá-lo a deixar a música e ser também professor primário, o que lhe permitiria pelo menos não passar fome, Schubert desabafou: "Pobre pai.Ele não percebe que a minha grande fome é outra."

Tinha acabado de escrever a VIAGEM DE INVERNO, esse cume da música para o mais belo instrumento que existe: a voz humana.

Escreveu sempre desesperadamente.E, no meio da escrita, teve a vida de um desesperado:álcool e sexo transbordantes.

Tudo isso para morrer cedo. Porque morrem cedo os que os deuses amam.



publicado por henrique doria às 09:05
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Quarta-feira, 3 de Setembro de 2008
SETEMBRO



publicado por henrique doria às 22:36
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OUTONO

Talvez nunca a ternura fosse tanta

como entre os montes amadurecidos

e quando as casas se elevam

entre o ouro e o fumo da tarde.

Silêncio que parece vir do lento

passado,

vozes que se dão em resignada melancolia

e tomam a forma dos frutos,

vinho e sombra que apagam o mar

nas árvores

onde não tardará o abandono,

memória do que somos.

Repousam sobre a noite os grous

enquanto as cidades crescem à nossa volta

contra o sul vencido.

Vento, ramo e sombra que caem

sobre as janelas ardentes:

lá onde a púrpura se reclina

sobre a água e a beleza

a verdade começa a surgir da espuma.

 

 

HENRIQUE DÓRIA-Escadas de Incêndio



publicado por henrique doria às 00:00
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