16 Agosto 2009
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Se a manhã me proporcionou uma visão genérica da pintura que se fez em Portugal no século XX, através da visita à exposição cuidada, sem ser grandiosa, que apresenta o Museu do Chiado, a tarde proporcionou-me o espectáculo revivalista da Quinta da Regaleira. O cenógrafo Manini conseguiu aqui o seu melhor espectáculo transformando o tardo-manuelino num tardo-barroco.
Sendo um espaço que se pretende maçónico, a Regaleira obriga-me a uma reflexão sobre a essência da Maçonaria: afinal, a Maçonaria, mais do que uma elite intelectual e moral é uma elite económica. Seguramente nela não cabem já os pedreiros ou carvoeiros operativos porque, para estar nela, é preciso ter-se dinheiro.
E ter dinheiro não é sinónimo de ser elite intelectual e moral, como o pretende, pelo menos aqui, a Maçonaria. Talvez seja mesmo o seu contrário, como ficou recentemente demonstrado.
A Regaleira, obra-regalo de um capitalista, serve também para perpetuar esta confusão, para além de ser um espectáculo muito agradável à vista.
(fragmento)
Ah! palavras palavras palavras-leões
Alados-ar imortal
Para que vos quero - antes
A minha morte. Catástrofes
Ternura nos dentes de sabre
Meu velho e fiel demónio - amor
Rasgo-te as entranhas faço-te crescer
Uma faca no crâneo - regando-o
À flor misteriosa.
A flor misteriosa é subtil no uivo.
Oh! imaculada concepção
Com uma deslumbrante açucena no sexo-
Nesse lugar toda a açucena é santa
Nesse lugar apostasiei de mãos
Voltadas para o céu sem fundo.
Virgenzinhas que uivam
Voltou a lua em crescente louvando-se
No sangue
Lobos
Que esperais da noite?
A hiena tornou-me escravo e cobarde demais
Para vos rasgar os flancos.
23 Julho
Tantos dos que rodearam Cavaco Silva estão agora envolvidos em esquemas de corrupção!
Até nisso Cavaco se assemelha a Salazar.
Por detrás da distância e do orgulho, esconde-se a complacência para com os corruptos.
Salazar, sabia que os tinha melhor nas mãos conhecendo as suas fraquezas. O seu poder assentava na capacidade de manipulação e no medo. No caso de Cavaco, não há o medo da violência, como em Salazar, mas o medo de ser descoberto e publicamente posto a nu, e socialmente destruído.
Esse medo, nas suas variadas faces, tem sido o principal obstáculo ao progresso de Portugal.
Ah!, mas ao contrário de Salazar, Cavaco vai ganhando algum dinheirinho na bolsa.