Fernand Léger- Adeus Nova Iorque
Espantosa reportagem passou no canal HISTÓRIA sob o título A AMÉRICA DESMORONA-SE. Por ela ficamos a saber que, por toda a América, os sistemas de abastecimento de água, de esgotos, as estradas, as autoestradas, os viadutos, as pontes, encontram-se num estado de degradação inimaginável para os europeus. A administração Reagan foi o tempo em que a América deveria ter iniciado a reparação ou substituição das obras feitas há trinta ou mais anos, mas não o fez. A baixa generalizada de impostos e a privatização de serviços provocou uma incapacidade para os governos estaduais e a administração local de procederem a essa reparação ou substituição por incapacidade financeira decorrente da baixa acentuada da receita. Muitos organismos que estavam ligados a esses serviços extinguiram-se.
Resultado de tudo isso: o abastecimento de água da maioria das grandes cidades, a começar por NOVA IORQUE, sofre um elevado risco de contaminação ou de colapso. O sistemas de esgotos está a tornar rios em cloacas e a rebentar para as próprias habitações. As estradas e autoestradas enchem-se de buracos. Viadutos e pontes ameaçam-se desmoronar-se - alguns vão-se mesmo desmoronando sem capacidade económica das cidades para os substituirem.
A eficiência das vias de comunicação e de transporte, essencial para a eficiência da economia, está a perder-se. Com essa perda virá uma cada vez maior perda de competititidade com a China.
No meio de tudo isto, um bando de títeres da grande especulação que se confunde com um bando de idiotas, que é essa gente que dá pelo nome de TEA PARTY, saiu vitoriosa de um combate eleitoral com o que de mais lúcido a América tem: OBAMA.
E isso é terrível para o mundo ocidental, que tem muitos defeitos mas tem também a grande, a inestimável e essencial virtude da liberdade.
Os grandes especuladores, gananciosos e cínicos, e os simples idiotas do TEA PARTY não percebem que a China mora ao lado para os dominar.
Na sua ignorância estrondosa nunca alcançarão as suas mentes as palavras preocupadas do prudente LAOCOONTE para dissuidir os troianos de introduzirem na cidade o cavalo que o astucioso ODISSEUS tinha preparado para os destruir: timeo Danaos et dona ferentes. Palavras que adaptadas aos tempos de hoje significam: temo os chineses mesmo quando nos dão presentes.
Os advogados vão eleger o seu bastonário.Estou convicto de que serão as eleições mais participadas de sempre. Marinho Pinto tem suscitado ódios e paixões, mas não tem deixado a classe indiferente. Sobretudo tem mostrado à sociedade portuguesa que existe a classe dos advogados, isto é, um grupo de pessoas que deveria ter por função defender os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e não apenas sacar-lhes dinheiro e ao Estado através de comportamentos pouco recomendáveis. No fundo, era esta a imagem que os cidadãos tinham dos advogados. Marinho Pinto fez com que os advogados não estivessem voltados apenas para o seu umbigo, e os órgãos da Ordem não fossem meros trampolins para negociatas ou promoção pessoal dos seus dirigentes.
Se for perguntado à generalidade dos portugueses o nome dos anteriores bastonários, poucos o saberão. Mas muitos sabem que o actual bastonário é Marinho Pinto.
O seu desassombro e frontalidade em criticar muita gente da advocacia e os magistrados que merecem ser criticados é uma virtude, apesar de, por vezes, falar de mais.
Os juízes não gostam dele. Mas creio que ele não se importa muito com isso, pois percebe que, além de, em demasiados juízes, haver uma insuportável arrogância, há uma descredibilização enorme das magistraturas na sociedade portuguesa.E é estranho que os juízes sejam autistas ao ponto de considerarem que a causa de estarem muitos pontos abaixo dos políticos em credibilidade é culpa de Marinho Pinto, e o tenham eleito como inimigo principal.
Marinho Pinto percebeu que a desqualificação dos advogados face aos magistrados é um realidade, e muito terá de mudar para que os advogados deixem de ser uma classe profisisonal cada vez menos qualificada técnica e moralmente, e frequentemente humilhada pelos magistrados.
Os seus opositores são gente cinzenta que não interessa mais aos advogados.
Por isso estou convicto de que irá vencer.
Não que seja o bastonário ideal. Mas é um homem de coragem que diz o que pensa e sente. O que é muito louvável num mundo de videirinhos.
O teu sorriso atravessa-me
O corpo
Com a serenidade da Lua da Manhã
Atravessando
O vidro
E a alegria do sol
Erguendo a pradaria do mundo.
Ouvi, na Antena 2, uma entrevista de Luís Campos Cunha, e vi, na televisão, um debate entre Manuel Lemos e Medina Carreira.
Tenho aqui flagelado esses senhores. Mas as suas entrevistas fizeram-me mudar de opinião. O que eles merecem é, sobretudo, PENA!
Vejamos.
O adiado salvador da pátria que é Luís Campos Cunha declarou-se nessa entrevista favorável ao investimento na cultura. E eu disse para mim: estupenda ideia. Logo a seguir saiu-se com esta: mas esse investimento não deverá ser feito na produção, como se tem feito, mas nos espectadores, pois o investimento na produção leva à criação de obras que poucos vêem , não é, portanto, rentável.
Fiquei com os cabelos em pé. Se esse senhor vier a ser ministro da Finanças de Paços Coelho, o que ele irá fazer é que no São Carlos só se apresentem espetáculos de Tony Carreira e similares. Esses sim, têm muito público. Lopes Graça nunca aí teria lugar!
É este o ministro das finanças que nos espera. E, que ainda por cima, é qualquer coisa de importante na Fundação de Serralves, o que explica bem o estado a que chegámos!
A entrevista de Medina Carreira, então, foi patética.
O homem ficava de boca aberta e de olhos arregalados quando Manuel Lemos lhe dizia que cada vez havia mais jovens a socorrer-se das refeições caridosas das Misericórdias.
Manifestamente, esta gente que frequenta conselhos de administração não faz a mínima ideia do que é o país, e de quanto é necessário o Estado para minorar a miséria que provocam a uma fatia substancial da população esses conselhos de administração, esses que entendem ser muito justo que os acionistas da PT não paguem impostos pelos dividendos que recebem.
Além da revolta que nos causa a sua ignorância convencida e o mal que fazem ao país, é de ter pena dessa gente que, se calhar, não está a ser cínica no que diz, apesar de o parecer.