27 de Junho de 2011
Lendo Cristina Campo, a belíssima Senhora, compreendemos que todo o homem religioso é uma criança com medo do escuro, e que no escuro pede a proteção do pai, mas também que essa proteção é, algumas vezes, fome de amor. Cristina Campo só poderia ser cristã, pois Cristo foi o único profeta que colocou o amor ao homem como o supremo destino do homem. Mas o Pai mantém um negro silêncio para com as eternas crianças. Apenas lhes fala e, por vezes, as auxilia, a esperança. A esperança é o anjo de Tobias, aquele que sempre o acompanha porque está dentro dele.
Dentro dele. Não fora. Não fora.
Erramos desde o útero, como diz o salmista? Erramos sim, porque nascemos seres errantes, seres que têm em si muitos seres, e que apenas se podem perder por entre a floresta dos caminhos, porque não temos ao nosso lado aquele que está frente à Magestade.
Guia-nos Deus? Não porque apenas erramos.
A música de Deus? Mas Ele é tão só um "alaúde suspenso"!
Digo não à privatização de empresas lucrativas. Porque dão lucro, e não faz sentido vender um negócio que dá lucro. Mas também por outra razão dentro da lógica do liberalismo que nos governa: as privatizações irão desviar o financiamento dirigido à produção de bens transacionáveis, que tão necessário é para se recuperar o essencial da nossa economia- o crescimento.
Tinham razão os nossos agora ministros liberais ao dizerem que a compra de títulos do tesouro pelos bancos portugueses induzia esse efeito.
Mas, curiosamente, põem em prática por outro modo o que antes criticavam.
Não passa de uma opção ideológica que irá sair cara a Portugal.
A não ser que pretendam que quem fique com as empresas a privatizar sejam ...os estrangeiros!
21 de Junho de 2011
Em Amarante os anjos andam sobre os telhados, descansam nas varandas sobre o rio.
No Flôr do Tâmega a notícia da morte de António Carneiro.
Tinha já quantas idades?
22 de Junho de 2011
Voo a Baião. Sonho com a minha noite. Um relógio altíssimo, estrelado.
Cordas sobre o céu.
(fragmento)
Esquecer a arte. A arte
Aqui é ceifar palavras
Autistas - as suas almas
Brancas e negras - o uivo.
Incendiar. Aqui são labaredas
Cinzas negro de fumo
A verdadeira política de terra queimada.
Ó generais com suas asas no peito
Escondendo o sangue - asas que servem para rastejar
Sobre as metralhadoras. Soldados palavras
Cinjam-se às metralhadoras
À palavra morte - ao vazio do seu som.
O novo governo da direita representa o triunfo do radicalismo ideológico liberal. As finanças e a economia estão entregues a dois universitários teóricos e militantes do liberalismo económico mais radical.
A saúde ao melhor gestor dos interesses dos seguros médicos, a pessoa indicada para destruir com eficiência o Serviço Nacional de Saíde.
Dizem-se gente nova, mas não são.
São gente bem velha, apenas cópias daqueles Chicago boys que dirigiram o Chile durante a ditadura de Pinochet, e conduziram o Chile a uma miséria e a um sofrimento da esmagadora maioria da população nunca antes vistos, tudo isso a par de um enriquecimento escandaloso da clique económica e político-militar, levado a cabo pelo NORMAL FUNCIONAMENTO DO MERCADO e pela PILHAGEM.
O novo governo é a clique que irá impor a miséria e o sofrimento à maioria esmagadora da população através do mercado puro e duro ( isto é, do triunfo dos porcos, perdão, dos fortes) e da pilhagem.
Surpreende-me apenas a presença no meio deles de NUNO CRATO. Já não de Francisco José Viegas, um medíocre escritor menor, porque a política é o destino natural de um escritor falhado.
Cavaco diz que o governo merece respeito de todos.
Confesso que não tenho respeito por Cavaco, cuja mediocridade só tem paralelo na sua arrogância.
E os respeito que tenho por Cavaco é o mesmo que o novo governo velho me merece.
1.
Muitos choram a derrota de Sócrates a acenam para o que aí vem. Mas quem tomou medidas que qualquer direita subscreveria ( posso dar inúmeros exemplos)põe em causa a simples ideia de esquerda. E se medidas de direita são compreensíveis na direita, já não o são na esquerda, e legitimam a acusação a que Sócrates foi ( justa e injustamente)sujeito que era a de viver na mentira porque, dizendo-se de esquerda, tomava medidas de direita.
Mais grave do que derrota de Sócrates é ter sido a ideia de esquerda a derrotada, sobretudo por culpa de Sócrates.
2.
Mas não só por culpa de Sócrates. Também por culpa do Bloco de Esquerda porque:
a) Fez cair Sócrates sem ter preparada uma alternativa, nomeadamente através de uma coligação com o PC.
b) Foi arrogante e com pouco respeito pelos cidadãos ao recusar-se a conversar com a troika.
c) Não definiu ainda o que quer ser: se um partido vanguarda ( da classe operária, duma autoclassificada elite intelectual que se diz ao lado da classe operária, o que quer que isso seja) se um partido de justiça social e de progresso.
d) Revelou enorme alheamento da realidade económica não discutindo temas essenciais como sejam os da concorrência e dos monopólios, da transparência do mercado, do papel dos bancos e da distribuição.
e) E, sobretudo, porque não sabe ainda bem o que deve significar a palavra igualdade.
3.
Com uma diferença: Sócrates demitiu-se. Louçã, com uma derrota muito maior que a de Sócrates, não parece fazer tenção de se demitir.
Isto é: parece querer manter a mesma linha, mudando alguns pormenores para que tudo fique na mesma.
Afinal, onde está a discussão e a tomada de decisões a partur da base, no BE?