Não são de camponês as minhas mãos.
Não são minhas.
Mas na minha alma germinam
Sementes de girassol
Que veem debicar os pássaros de Outono.
Há factos que são inquestionáveis: apesar das aldrabices e da corrupção do governo grego da Nova Democracia, as coisas começaram o correr mal sobretudo quando o governo de Papandreou tentou atrasar o pagamento dos seis submarinos que a corrupção dos alemães fez com que os gregos comprassem, e dos caças que o governo francês também impingiu à Grécia através da corrupção. E, em Portugal, com a pressão para que Sócrates pagasse de imediato os submarinos que a corrupção, durante o governo PSD/CDS, levou o país a comprar aos alemães. Isto é, exigia-se que Portugal pagasse sem que as famosas contrapartidas estivessem a ser MINIMAMENTE, cumpridas.
Portugal e a Grécia, que poderiam invocar o não cumprimento dos contratos por parte dos alemães para recusarem o pagamento imediato dos submarinos, aceitaram ser encostados à parede e pedir dinheiro aos alemães para pagarem as dívidas resultantes da corrupção que os alemães tinham levado a cabo em ambos os países. Dinheiro que os bancos alemães pediram ao Banco Central Europeu, que lho emprestou a 1%, e que, por sua vez, eles emprestaram a Portugal a 5,5%.
Já tinham ganho milhões com a corrupção dos negócios de submarinos na Grécia e em Portugal, e passaram a ganhar ainda mais com os empréstimos leoninos que impuseram a Portugal e à Grécia.
Entretanto, Passos Coelho dá o seu ar de honesto a dizer que morde a língua para pagar as dívidas da corrupção.
É pena que não faça o mesmo para pagar aos funcionários públicos o seu trabalho honesto, e aos reformados a reforma a que têm direito por quarenta anos de descontos.
Um economista conservador, BARRY EICHENGREEN escreveu no EXPRESSO de ontem uma verdade com a qual estou totalmente de acordo: o euro está sobrevalorizado, e a competitividade da Europa só se recupera com uma desvalorização do euro de, pelo menos, 30%. Note-se que, em 2003, o euro valia cerca 0,85 dólares.
Porquê esta valorização com prejuízo notório para as economias do sul da europa?
Só porque interessa à finança alemã. Os bancos alemães estão a beneficiar de um euro forte através de colossais depósitos a CUSTO ZERO vindos de todo o mundo, que depois emprestam ao resto a Europa a juros elevados ou, até, criminosos.
E compram ainda tudo o que podem comprar ao desbarato.
Como fazer baixar o câmbio do euro?
Simplesmente através de emissões enormes de moeda destinadas a pagar a dívida dos PIGS, particularmente a dívida extrauropeia, para não provocar a inflação dentro da Europa.
É o que tem feito a América.
Porque é que a ALEMANHA não o quer?
Porque está apostada na política NAZI traduzida no slogan DEUTSCHLAND ÜBER ALLES, levada a cabo não através das divisões panzer mas através da sua finança, encabeçada por esse DR. STRANGLOVE que é o seu ministro SCHÄUBLE.
Os governos europeus, nomeadamente o de PASSOS COELHO, fazem apenas o papel que, noutros tempos, fizeram os traidores do governo de Vichy.
Mas a História não os absolverá.
A União Europeia nasceu da necessidade de preservar a paz alcançada com o fim
da segunda das guerras ditas mundiais que foram, no entanto, sobretudo europeias.
Mas cedo os europeus, em particular os franceses e alemães, perceberam que, no
contexto mundial, o seu poder económico estaria a enfraquecer, pelo que os
desígnios económico e social, a par do desígnio cultural, passaram a ser a
essência da Comunidade Económica Europeia, depois transformada em União
Europeia.
Procurando alcançar a estabilidade financeira, considerada como condição do
progresso económico, o Tratado de Maastricht erigiu a inflação e o défice público
como os grandes inimigos da estabilidade financeira, e a moeda única como
instrumento essencial para os combater. Acreditando em simulacros como os
mercados e a concorrência, a fé liberal sobrepôs-se à democracia, a partir dos anos
80, afirmando que da ausência de inflação e de défices públicos adviriam grandes
ganhos em termos de eficiência, produtividade e competitividade.
O caminho passou a ser então uma redução drástica das funções do Estado, que
se pretendiam reduzidas às funções de polícia, como estava a acontecer nos EUA.
Consequência dessa redução das funções do Estado foi a transformação do
capitalismo de capitalismo económico em capitalismo financeiro. E como a
realidade tem demonstrado, o predomínio do capital financeiro tem conduzido a
uma rápida desindustrialização e a graves défices comerciais suportados com
empréstimos.
Optando pela redução dos impostos, a União Europeia não percebeu que isso irá
conduzir a uma degenerescência das infraestruturas essenciais ao crescimento da
economia- estradas, caminhos de ferro, pontes, portos, aeroportos, sistemas de
abastecimento de água e esgotos, como aconteceu na América.
Não percebeu que o êxito económico da China está na subordinação do capital
financeiro aos objetivos do capital económico, e na modernização acelerada das
daquelas infraestruturas essenciais ao desenvolvimento, muito mais que na
utilização de uma mão de obra quase escrava.
Infelizmente os líderes europeus recusam-se ler a obra de TIM HARFORD,
O ECONOMISTA DISFARÇADO, obra onde são patentes as causas do
declínio do império americano e da ascensão do império chinês, e continuam
o desinvestimento em modernas infraestruturas, na agricultura e na indústria
dentro do espaço europeu,destruindo a economia e a coesão social dos países do
sul, política esta que conduzirá, necessariamente, à catástrofe, como o próprio FMI já
percebeu.
Num último delírio, a UE foi agora ao ponto de ilegalizar, nas suas leis
constitucionais ou para-constitucionais, o keynesianismo, precisamente a
doutrina económica que permitiu salvar a América da Grande Depressão de 1929
em que a lançaram as doutrinas liberais.
Ilegalizado como se ilegaliza um partido político ou uma confissão religiosa.
A Europa está hoje transformada numa nave dos loucos, comandada por uma
ex-comunista convertida ao liberalismo, navegando vertiginosamente em direção
ao abismo do Mar Tenebroso.