António Ferro, o criador do mito de Salazar, não deixava de falar em privado da ignorância cultural enorme do mito que criara.
E, pensando nisso, não podemos hoje deixar de fazer o paralelismo entre Salazar e Cavaco. Cavaco, findo este seu mandato, quase atingirá o tempo de permanência de Salazar na ribalta do poder, 36 longos anos, de1980 a2016. Aignorância de Salazar em tudo o que era cultura tem o seu equivalente em idêntica ignorância de Cavaco. O cinismo de Salazar é o cinismo de Cavaco. O Portugal de súbditos que Salazar criou é o mesmo que Cavaco, um chefe de fação política, pretende. A coesão social que Salazar construiu é a mesma coesão social que Cavaco e a sua fação estão a tentar instalar: a abulia cívica ou, em termos simples, o carneirismo social.
Salazar implantou esse carneirismo social pelo medo da violência repressiva e pela censura. Cavaco e o seu governo pretendem implantar o carneirismo social através do medo da miséria e de controle apertado de uma comunicação social que lhe é subserviente.
Ainda há um ano, com um chefe de governo que não era da sua fação, Cavaco perorava contra os inaceitáveis sacrifícios que estavam a ser exigidos aos portugueses. Agora que, contra tudo o que foi prometido nas eleições, os sacrifícios infligidos pelo governo de Cavaco são muito maiores do que os que então estavam a ser exigidos por Sócrates, Cavaco, com o seu habitual cinismo, perora sobre a exemplar coesão social do nosso país.
Mas que coesão social existe quando uma parte substancial da riqueza nacional é transferida das classes médias e baixas para as classes mais altas por intermédio do seu governo? Que coesão social existe quando a injustiça e a miséria aumentam? Que coesão social existe quando a mentira, o logro e o cinismo campeiam em quem exerce o poder, em total desprezo pelos portugueses?
Mas este 25 de Abril de 2012 mostrou que o carneirismo social dos portugueses não é um dado adquirido como pensam Cavaco e a sua fação. Os militares que conquistaram a liberdade para Portugal em Abril de 1974, através de um golpe que, como bem referiu o economista e historiador americano Samuel Huntington, foi o primeiro na História que foi levado a cabo para entregar o poder aos civis e construir uma democracia, esses militares de Abril que cumpriram a sua palavra, defendendo a democracia e entregando o poder ao povo, esses mesmos militares que se recusaram a aproveitar do poder, que recusaram a mentira e o cinismo, tiveram agora a coragem cívica de recusarem a mentira e o cinismo do poder instalado sob o domínio de Cavaco Silva colaborando com ele nessa farsa que foram as comemorações oficiais do 25 de Abril, levadas a cabo por quem está apostado em destruir tudo o que representa o 25 de Abril.
E aqui, no Porto, uma manifestação como há muito não se via nesta cidade, ousou contrariar a ocupação da escola da Fontinha por parte do barão do poder cavaquista que é Rui Rio que, ao longo de anos, foi incapaz de fazer com que essa escola deixasse de ser uma casa para prostitutas e drogados, e expulsou dela violentamente aqueles que lhe conseguiram dar uma dimensão educacional e cívica ultrapassando a incapacidade da Câmara que dirige, fazendo-o exemplarmente e de modo totalmente desinteressado.
Afinal Cavaco e a sua fação estão enganados: aquilo que eles apelidam de coesão social e não é mais que carneirismo social, não está generalizado. As sementes da revolta começam a ser espalhadas na terra portuguesa.
Grande entrevista do coronel Rodrigo de Sousa e Castro à SIC.Um dos obreiros do 25 de Abril, deu-nos uma lição de lucidez e esperança. Os capitães de Abril foram vilipendiados, marginalizados nas forças armadas e na sociedade. Mas atenção: continuam vivos e querem um Portugal onde LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE não sejam palavras vãs. Sei que Portugal continua a poder contar com o seu grande amor à justiça e à dignidade de todos os portugueses.E continua a precisar de Rodrigo Sousa e Castro, Vasco Lourenço e tantos outros que conquistaram para Portual a Liberdade em Abril e Novembro.
Um triplo abraço fraternal, Rodrigo Sousa e Castro!
Que venha um novo 25 de Abril com a espada da justiça como arma!
O Antóno Nogueira Leite, um gajo que acumula tachos em todo o lugar onde há dinheiro, agora em comissão de serviço dos Mellos na Caixa Geral de Depósitos, além duma postura intelectualmente arrogante assume uma postura de comportamento moral irrepreensísel, um tipo muito pio, senão de comunhão pelo menos de oração diária, com frequentes deslocações a Fátima.
Esse gajo tão irrepreensível tem um pé no GUPO MELLO e outro na Caixa Geral de Depósitos.
O que faz a Caixa agora que lhe foram emprestados milhões pelo Banco Central Europeu a 1%? Empresta-o aos Mello para estes aplicarem numa OPA sobre a BRISA.
Em vez de lançar dinheiro na economia emprestando-o às empresas para a criação de riqueza e postos de trabalho, a 5 ou 6%, a CAIXA empresta o que pediu ao BCE para negociatas.
Tudo pela liberal mão invisível do pio Nogueira Leite.
É claro que a culpa de tudo isto é, segundo este gajo e o lixo liberal, do governo Sócrates.
A imolação de um idoso é um libelo acusatório contra os corruptos e incompetentes governantes do PASOK e da NOVA DEMOCRACIA, e contra os seus corruptores, os imperialistas alemães.
Mas esta tragédia é também uma acusação aos partidos da esquerda grega, incapazes de oferecerem uma alternativa forte, começando por se unir.
A acusação é plenamente válida para Portugal pois o BE e o PC são seitas religiosas e não partidos políticos, e por isso são incapazes de se unir.
As convições de seita, ISTO É, O SEU PRÓPRIO UMBIGO, são mais importantes do que o sofrimento daqueles que dizem defender.
A CULPA DAQUELA MORTE TAMBÉM ESTÁ NO BE e no PC GREGOS.
A culpa do que está e irá acontecer em Portugal não é só da troika PS/PSD/CDS, é também da dupla PC e BE.
(parte final)
Deus e Belzebu são um só
A cintilar sobre as cúpulas.
Com eles estão a onça o leão e a loba
Mas também as máquinas de devastar
Que serão aniquiladas depois
De estropiadas dobradas amassadas sobre si
Até suspirarem pela sombra
Até enlouquecerem.
E os poderosos sentindo-se inexpugnáveis
Nas sua cidades de aço
Na sua carne de bronze brilhante
Nos seus obeliscos de ónix
Fazendo sexo com os céus
Capazes de engolir as brasas
Com as suas portas ávidas
Com as suas bocas centro de furacões
Também eles sucumbirão
Com os mares e os meteoros
A erva verde as forragens os manjares insípidos
E as gemas dos dedos
Porque eles são o eco de um uivo e não o sabem
Porque eles são de nada e não o sabem.
Desesperados hão-de deitar o fogo à floresta dos homens
Lançar glaciares contra as labaredas
Mas restar-lhes-ão as cinzas a soluçar na noite
Uma paródia selvagem de negro e negro
Que o Nada lhes saberá explicar.
A todos o incêndio de tudo
Até dos átomos ferozes
Que eternamente se pensaram a devorar
A estrada de leite dos céus
Até os átomos serão traçados
Pelo gládio do Nada sagrado
Até os deuses dez vezes serão cortados
Pela foice em fúria do ceifeiro do tempo.