O teu vestido balança e dobra-se
Tocado pela flor do vento
Dentro dele só a tua memória
E até essa se há-de dobrar
Para o narciso negro.
Nada é perpétuo a não ser
A sombra
A invisível mo dos mundos.
Mas digo aos pássaros que atravessam
O meu quarto
O mar é longo
Mesmo entre paredes vermelhas
Tomem a nau
Para beber na taça prometida.
O sonho é um animal solar
Que faz da vida
Um grão de arroz
HENRIQUE DÓRIA