Tenho lágrimas rubras
no meu cérebro
e asas escuras a um canto
porque descobri que a minha mão
está suspensa
na Árvore do Paraíso.
Tu não me vês Senhor
por isso blasfemo
Tu não me acompanhas
por isso me esqueço de Ti
Tu não me falas
por isso duvido
que me tivesses criado.
Os dedos das Tuas mãos
são os gumes
de dez espadas
do Teu coração saiem em golfadas
perpétuos funerais.
Por isso
de cada vez que olho
a minha mão suspensa
creio
que por circunstâncias desconhecidas
deixaste de Te amar a Ti Próprio.
HENRIQUE DÓRIA (poema acabado de escrever)